Os cerca de 300 agricultores do Projeto Pontal, zona rural de Petrolina (PE), que ocuparam nesta segunda-feira (4) a sede da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), chegaram às 9h. Mas foi apenas às 16h30 que 3ª Superintendência Regional (SR) os chamou para uma conversa. Ao lado de um oficial de justiça, o superintende da entidade, Aurivalter Cordeiro, apresentou novo mandado de reintegração de posse; agora com objetivo de retirar os agricultores do local.
A ocupação ocorre a oito dias da execução de outro mandado de reintegração. De acordo com o Sindicato dos Agricultores Familiares (Sintraf), o documento marca para o dia 12 de setembro a retirada pela Polícia Federal (PF) de 900 famílias do Projeto Pontal. "Desde o início buscamos diálogo, a direção da Codevasf tinha nos dito que haveria uma reunião às 14h, o que acabou não acontecendo. Ficamos na expectativa e quando finalmente abriram espaço para conversa, foi apenas para apresentar o mandado", declarou a presidente do Sintraf, Isália Damacena.
Segundo a líder sindical, os acampados de seu sindicato e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) têm 24 horas, a partir da notificação, para sair da sede da companhia. "Ainda no início do ano, já nos reuníamos com várias autoridades, lutando pela regularização dos agricultores no Pontal. Problemas na busca por diálogo e negociação não foram". E continua. "Temos cerca de 100 crianças estudando no Pontal, além das famílias que tiram de lá seus sustentos. Ao invés de sentar e negociar, eles pedem mandado de reintegração de posse. Não existe apenas este local para protestar. Se nos tirarem daqui, ocuparemos outro lugar, mas de um jeito ou de outro vamos chegar a uma solução", adiantou Isália.
Dos 7.878 hectares do projeto, os agricultores ocupam 1.500hm2. É dentro desta área que Gilvonete Rodrigues, 48, o marido e cinco filhos, produzem feijão e milho. Apreensiva com a desapropriação marcada para o dia 12, foi uma das mulheres que marcharam para a Codevasf. "Todos aqui estão reivindicando um pedaço de terra no Pontal porque precisam. Quem for lá vai ver nossa produção. Se os ricos vão ter direito a uma área, nós também queremos [ter]", afirmou a agricultora.
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