Os eventos se tornam tradicionais pela importância dispensada aos mesmos pelo agrado popular. Empíricos, muitos passam a fazer parte da história de um lugar e até mesmo da vida dos seus moradores, com significados e justificativas diversas, sejam eles de caráter religioso, esportivo, cívico, comercial e outros.
A tradição permeia gerações. Geralmente o que marcou a vida de um avô ou avó passará em algum momento marcar também, de alguma forma, a vida dos seus netos, bisnetos... Os acontecimentos são lembrados ou comemorados de acordo as suas intensidades. Sem segui necessariamente um rito emancipatório, com correções, melhoras e aperfeiçoamentos sucessíveis, os eventos dependem de uma série de fatores para torná-los bons ou ruins.
Nas pequenas cidades as festas mais marcantes costumam ser as juninas (Santo Antônio, São João e São Pedro), as dos padroeiros ou padroeiras, os desfiles cívicos para comemorar a independência do Brasil (7 de setembro) e as datas das independências políticas. Todos esses acontecimentos são organizados ou apoiados pelo executivo municipal, daí onde acontecem as diferenças de tamanho e de organização. Até mesmo a opção religiosa de quem está no comando do município pode influenciar o brilho de determinadas festas. Mas, pior de que qualquer outro motivo que venha ser alegado é a falta de recursos financeiros.
Muitos prefeitos, quiçá por ter dificuldade na comunicação, na interlocução com a sociedade, não conseguem transmitir e, principalmente, convencer que a não realização ou diminuição de um determinado evento parte da inviabilidade econômica do município. Omitir a verdade nem sempre é uma boa saída, ao contrário, pode causar 'efeitos colaterais' indesejáveis, inclusive do ponto de vista da popularidade política. Se não fizer é criticado e se não fizer a contento é vaiado. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come.
O que toda administração pública que se preza deve, obrigatoriamente, fazer é a consulta popular responsável; saber o que realmente a população precisa através dos seus próprios reclames. Administrar sem a presença do coletivo em detrimento aos anseios de uma minoria levará o gestor ao insucesso, não tendo assim festa que dê jeito.
Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador
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