ARTIGO - A INTEGRAÇÃO DAS BACIAS DOS RIOS TOCANTINS E SÃO FRANCISCO

31 de Aug / 2017 às 23h00 | Espaço do Leitor

Sabe-se que este projeto é tão antigo quanto o da transposição do São Francisco, e quando, tanto o Tocantins e o São Francisco dispunham de uma vazão muito maior. A média caudal do Tocantins é de 13000 m³/s, no entanto, nos últimos anos por causa dos constantes períodos de estiagem, a vazão ficou em torno de 800 m³/s nos seus 2416 Km.

Quanto ao nosso Velho Chico, tinha uma vazão média de 2700 m³/s, e hoje, encontra-se numa situação de penúria e muita preocupação por parte das populações que o utilizam. A causa maior desse declínio hídrico, é por conta também da estiagem na sua bacia hidrográfica. Aliado a isso, é grande a ação antrópica e demanda pelo uso de sua água. Muitos foram os projetos de irrigação instalados na sua área de abrangência, acarretando o crescimento das cidades a exemplo de Juazeiro e Petrolina com o consequente aumento do consumo humano e industrial.

Diante de tanta devastação que provocou erosão, assoreamento, e perda de 27 afluentes (fonte: Programa Globo Rural) o que se busca é uma revitalização que realmente traga resultados concretos. Para isso é necessário um investimento nas fontes geradoras de água para os afluentes, que, em Minas, são chamadas de “Veredas”, onde esta água é acumulada no período chuvoso, e, posteriormente liberada de forma gradual. Vale salientar que, estes mananciais foram antropizados com o intuito da criação de gado e para o plantio de eucaliptos.

É necessário urgentemente racionalizar o uso da água para a agricultura, usando técnicas de irrigação localizada, e assim, haver uma desmobilização dos Pivôs Central, que somente entre a Barragem de 3 Marias e a divisa BA/MG são em número de 200 desperdiçando água, sem contar os equipamentos que estão instalados nas margens dos seus afluentes como os rios Grande, Correntina e Paracatú.

Sem medidas como estas e outras para mitigar a ação maléfica do homem, é um tanto arriscado pensar nesta integração sem estudos científicos bem aprofundados feitos por órgãos de credibilidade. Com a fauna e flora destes dois rios com características diferentes, é imensurável o estrago ecológico que surgirá desta junção.     

Finalizando, relembro o que falou um colega na sala de aula: “Sem a efetiva revitalização do rio São Francisco, trazer água do Tocantins é como tentar encher um balde furado”.

Manoel Delmir Pereira dos Santos - Aluno de Engenharia Agronômica da UNEB.

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