Dom Paulo Cardoso ao completar 75 anos, em 2011, renunciou ao cargo administrativo, onde exerceu desde 1985 cargo de Bispo Diocesano de Petrolina. No final de semana o Bispo voltou à cena. Ele escreveu uma carta onde afirma ser "radicalmente contrário e profundamente amargurado e entrestecido com a notícia de que vão construir um shopping popular nas adjacências do Palácio Diocesano, no centro de Petrolina".
Leia aqui na integra a Carta de Dom Paulo:
DOM FREI PAULO CARDOSO, BISPO EMÉRITO DE PETROLINA
Ao clero da Diocese de Petrolina.
Caros irmãos no Sacerdócio ministerial.
Profundamente amargurado e entristecido, tomei conhecimento de que se pretende levar adiante o projeto de construção de um "shopping popular", nas adjacências do Palácio Diocesano. As imagens do projeto continuam a circular abundantemente na internet. Já se anuncia o início imediato das vendas dos "boxes". As frondosas árvores do "quintal" do Palácio já foram destruídas.
Inicialmente, cheguei a pensar na conveniência de publicar uma "Carta Aberta" ao Clero, às autoridades constituídas e à sociedade petrolinense, sobretudo a População católica. Mas depois achei mais conveniente dirigir-me primeiro ao Clero.
Todos sabem de minha posição, radicalmente contrária, desde que, há dois anos ou mais, começaram a circular notícias a respeito. Senti-me no direito e na obrigação de externar minha opinião ao então Bispo diocesano, ao próprio clero e ao Colégio dos Consultores.
As razões por mim apresentadas são já conhecidas. Entre outras, relembraria: O alto significado histórico e afetivo do Palácio para a Diocese e para toda a sociedade petrolinense. O Palácio e a Catedral, sonhos realizados pelo grande Dom Antônio Malan, constituem como que uma única coisa.
Se, para atender às necessidades da Diocese, o plano era construir algo, dispúnhamos e dispomos de duas áreas excelentes e livres, muito bem localizadas: a área adjacente e contígua ao "Palacinho", e a ampla área de terreno do Pio XI, que dá para a Av. Guararapes.
O atual projeto que se está levando a cabo, não recebeu a aprovação da Secretaria de Obras, por razões técnicas e evidentes. Chegou-se mesmo a denominar de"camelódromo" o que se estava propondo construir.
Cheguei a encaminhar Ofício ao Prefeito anterior, solicitando a não-aprovação doprojeto. Repito que, se o Palácio é propriedade da Diocese, constitui também um patrimônio da comunidade, assim como a Catedral.
O Palácio, figura na Lei Orgânica do Município, como primeiro dos edifícios a serem tombados pelo Poder executivo. Projeto de tal importância, a meu ver, deveria ter passado pela Câmara de Vereadores, e também pelo crivo da própria comunidade, do clero, e recebido aprovação do Colégio de Consultores, para sua validade e legitimidade.
A atual crise pela qual passa o país, sem perspectiva de melhora, tem ocasionando o fechamento de tantas lojas e casas comerciais no centro da cidade. É sensato pensar na construção dos boxes projetados?
O que virá a significar tal projeto, em termos de irreparável agressão ao próprio Palácio – construído em área doada, quando da criação da Diocese, para o fimmuito claro e específico de residência do Bispo? É bom ressaltar que o atual projeto tornará inviável a residência ali de um futuro bispo.
Entre outras, são estas as razões que sempre me levaram a opor-me radicalmente a tal projeto. Achei que, mesmo sendo emérito, não podia me omitir. Assim como acho que o primeiro a não poder omitir-se seria o próprio clero! A história haverá de nos cobrar.
Pedindo desculpas, mas achei-me no direito de poder partilhar estas preocupações. Não nos faltem as luzes do Espírito Santo, pela intercessão da Senhora e Rainha dos Anjos.
Fraternalmente,
Dom Frei Paulo Cardoso
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