Com o vácuo de liderança deixado pelo presidenciável Eduardo Campos, cuja morte completa três anos no domingo (13), o Partido Socialista Brasileiro se vê na iminência de uma debandada, às voltas com divergências internas e discordâncias sobre os rumos programáticos.
Agregador e com visibilidade, Campos atraiu nomes dificilmente identificáveis com a bandeira socialista e que hoje puxam a fila de dissidências -com Heráclito Fortes (PI) à frente, mais de dez deputados dizem estar com "a faca nas costas" e devem migrar para o DEM.
Ruralistas filiados por Campos hoje batem cabeça com "socialistas históricos" como o presidente da sigla, Carlos Siqueira, em debates como o das reformas econômicas. A decisão de votar a favor da denúncia contra Michel Temer coroou a divisão pessebista na Câmara.
Em discurso no aniversário de 70 anos do partido na quinta (10), em frente à direção e militância, Siqueira pregou "coerência", chamou a reforma da Previdência de "insanidade" e disse que "não se pode discordar do ideário de um partido em que se entra". Apesar de a cúpula da legenda estar presente, líderes das bancadas na Câmara e Senado faltaram ao encontro.
Sem Eduardo Campos, o comando pessebista passou a ser disputado, de um lado, pelo grupo ligado ao ex-governador, que inclui Siqueira e o atual governador de Pernambuco Paulo Câmara, e de outro, pelo vice-governador de São Paulo, Márcio França.
Correligionários da Bahia, Paraíba e Amapá não pensam assim. Esses diretórios devem se aliar à chapa petista em 2018. A senadora Lídice da Mata (BA), por exemplo, diz que "não vê" o partido com Alckmin e diz que se a direção tivesse fechado questão em 2014 pelo apoio a Aécio, seu grupo sairia do partido.
No Sul, Beto Albuquerque, que foi vice de Marina Silva em 2014, quer que o partido o lance como candidato a presidente e só decida apoio caso fique fora de um eventual segundo turno.
Folha de S.Paulo – José Marques e Thais Bilenki
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