A três dias da votação que pode selar seu destino político, o presidente Michel Temer se reuniu com aliados na noite deste domingo (30) para fazer uma contagem "mais realista" dos votos e definir uma estratégia para a sessão na Câmara que vai analisar a denúncia contra ele. A reunião no Palácio da Alvorada foi dividida em três etapas e ficou definido que a base do governo apresentará, na sessão de quarta-feira (2), um requerimento para encerrar o debate e iniciar logo a votação.
A estratégia tem o objetivo de evitar mais desgaste do presidente, visto que a oposição deve usar o plenário de palco para fazer ataques ao governo e a Temer, denunciado por corrupção passiva. Às 17 horas, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) se reuniram com os líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e no Congresso, André Moura (PSC-SE). Pouco antes das 20 horas, o presidente chegou ao Alvorada com o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) e os dois pediram um relato sobre o que havia sido tratado até aquele momento, além do mapa de votos que foi fechado pelo Planalto na sexta (28).
Auxiliares do presidente afirmam que o retrato mais real dos votos esperados a favor de Temer só poderá ser contabilizado na manhã de quarta. Para a parte final do encontro, chegaram alguns deputados, como o vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), além do ministro Osmar Terra (Desenvolvimento Social).
Temer, que viajou rapidamente ao Rio para acompanhar a operação de segurança no Estado, cogitou cancelar a reunião agendada para as 18h, mas como havia pré-marcado o encontro, decidiu mantê-lo. No cenário mais otimista dos auxiliares de Temer, o presidente teria pelo menos 250 votos a seu favor e, assim, poderia mostrar força para aprovar a reforma da Previdência até o fim de agosto. Entre os mais realistas, fala-se em cerca de 200 votos.
O presidente quer acesso ao levantamento mais próximo da realidade para a votação marcada para esta quarta-feira (2). A oposição precisa de 342 votos para que a denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista prossiga ao STF (Supremo Tribunal Federal). Nesse cenário, Temer é afastado por até 180 dias e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assume o Planalto.
A dúvida tanto no governo como na oposição é sobre conseguir quorum de 342 deputados para que a votação na quarta se inicie. A oposição ainda não conseguiu se unificar em torno de uma estratégia para obstruir a sessão.
Um dos principais auxiliares de Temer, o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) afirmou à reportagem que a votação em plenário é "política" e que o governo quer encerrá-la na própria quarta.
"O Planalto quer votar e vai estar disposto a tal, mas o quorum é um dever da oposição", disse.
PSDB
Além da reunião com aliados, no sábado (29), Temer convidou o presidente licenciado do PSDB, Aécio Neves (MG), para jantar. O encontro foi visto por aliados de ambos como um gesto de poder do tucano, que, diante da divisão do partido, defende a permanência no governo.
Um dos presentes disse à reportagem que Aécio está "a todo vapor" na atividade política e que deve retomar o papel de articulador. O mineiro sempre ajudou nas conversas entre PSDB e PMDB, mas estava licenciado do comando da legenda desde maio, com o escândalo da JBS.
O senador Tasso Jereissati (CE) assumiu a presidência da sigla interinamente e defende o desembarque.
Temer prefere que Aécio permaneça no comando do PSDB e conta com seu apoio para que os tucanos votem em bloco pela reforma da Previdência. No mapa de votação de hoje, metade da bancada tucana (46) deve votar contra Temer na denúncia. Com informações da Folhapress.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.