Representantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e de outras universidades, organizações sociais e comunidades do norte da Bahia encontram-se reunidos em viagem pelos municípios da região, durante as atividades da “Caravana Agroecológica do Semiárido Baiano: nos caminhos das águas do São Francisco”. Até a próxima quinta-feira (29), os 70 participantes da Caravana irão percorrer localidades que integram a bacia hidrográfica do rio a fim de discutir sistemas agroalimentares e os impactos de diferentes modelos de desenvolvimento sobre os territórios. O retorno dos integrantes e encerramento do evento acontecerá na sexta-feira (30), no Complexo Multieventos, localizado no Campus Juazeiro (BA) da Univasf.
Os integrantes da Caravana se encontraram ontem (26), em Juazeiro, para um momento de integração e conhecimento maior sobre a iniciativa. A partir de hoje, passam a se dividir em duas rotas, com 35 pessoas cada, que percorrerão sentidos divergentes. A primeira seguirá o itinerário “Juazeiro – Campo Formoso – Jacobina – Juazeiro”, enquanto o segundo grupo passará por Sobradinho, Casa Nova, Remanso e Campo Alegre de Lourdes, até retornar ao local de partida.
Durante o percurso feito pela Caravana, serão realizadas vivências, debates e seminários, com a participação das populações locais. As atividades girarão em torno de seis eixos temáticos: “Impactos e conflitos da mineração”; “Acesso às políticas de saneamento”; “Conflitos por água”; “Conflitos fundiários e territoriais”; “Uso e impactos dos agrotóxicos/agronegócio” e “Experiências agroecológicas e de resistências comunitárias”.
De acordo com a professora do Colegiado de Farmácia da Univasf Cheila Bedor, que faz parte da organização da Caravana, os grupos também irão ouvir e registrar as “denúncias e os anúncios” das comunidades. “A gente vai coletar das populações o quanto estão vulneráveis aos impactos dos modelos de desenvolvimento e quais experiências positivas elas têm e que poderiam ser levadas para outras pessoas”, conta.
O reencontro dos caravaneiros em Juazeiro, denominado pela organização de Culminância, acontecerá na sexta-feira (30), a partir das 8h. Neste momento, serão compartilhadas as experiências vividas durante as viagens, além de definidos os encaminhamentos que serão tomados. Segundo Cheila Bedor, entre essas ações está a confecção de um Caderno sobre a Caravana, além da produção de um documentário. “A ideia é fazer o mapeamento de um cenário que está muitas vezes esquecido por tantas pessoas”, afirma a professora.
As Caravanas Agroecológicas surgiram em 2013, como preparação para o III Encontro Nacional de Agroecologia, sediado pela Univasf no Campus Juazeiro. Nesse processo, diferentes grupos percorreram várias regiões brasileiras, mobilizando as comunidades locais para que pudessem compreender melhor seus territórios, ampliar suas experiências e refletir sobre as ameaças que enfrentariam para o desenvolvimento. Essa metodologia inspirou outras iniciativas desde então, como a Caravana Territorial da Bacia do Rio Doce, ocorrida em 2015 após o rompimento da barragem de Fundão, e a Caravana Agroecológica do Semiárido Baiano, realizada durante essa semana pela Univasf, em parceria com diversas outras instituições.
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