O Brasil está mais perdido que cego em tiroteio, enquanto o brasileiro, como um cão sem dono, se encontra mais atônito que cachorro que caiu de caminhão de mudança. Tais comparações entre o considerado melhor amigo do homem com a combalida população canarinho chegam a ser uma injustiça, por esses sujeitos serem na verdade, comumente, vítimas de um sistema perverso e pernicioso integrado e gerido por uma corja travestida, com exeções, de político.
Os números exibidos pela mídia, em todas as áreas, são cada dia piores. Queda (milionária) no número da contratação de trabalhadores formais, aumento de preços dos alimentos e de combustíveis como o gás de cozinha, falta de medicamentos e de materiais básicos em farmácias e hospitais públicos, cortes de recursos em programas de distribuição de renda, entre tantos outros pontos negativos anunciados e mostrados diuturnamente pela imprensa brasileira e internacional apontam que o Brasil passa por um dos seus piores momentos político e econômico, desde o início da Nova República, o período imediatamente posterior ao regime militar, época de exceção das liberdades fundamentais e de perseguição a opositores do poder (1964 – 1985).
Execrado, o brasileiro se tornou refém de uma máfia formada por integrantes de poderes que deveriam trabalhar para proporcionar o seu bem, mas que na verdade compactuam em benefício próprio e se comportam como Judas Iscariotes, conspirando contra aqueles que confiaram seus importantes e inocentes votos. Com o andar da carruagem, até mesmo o ateu apelará 'para Deus na causa'. Não havendo uma coalescência política entre os poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) e o povo, dificilmente se chegará a um denominador comum ou perto disto. Do jeito que está o Brasil e o brasileiro estão fadado ao 'bico do urubu'.
É inaceitável que os cúmplices decidam por algo que tenham corroborado para acontecer. As raposas não convencerão que a onça foi a responsável pelas mortes das aves no galinheiro. Na Constituição de 1988, logo no Artigo 1º, parágrafo único, diz: "Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição", ou seja, que o povo é detentor de todo o poder e o principal responsável em proporcionar poderes aos seus representantes através do voto.
A república é democrática a partir do momento em que há equidade no sufrágio. Se faz necessário resgatar todo o valor do primeiro artigo da Constituição, para garantir que as escolhas dos representantes de cargos eletivos sejam através de eleições diretas. A democracia exige.
Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador
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