O ritmo acelerado de captação de investimentos não para na Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE). No início de junho, em sua passagem pela Alemanha durante a Feira Intersolar, em Munique, o superintendente de Promoção do Investimento, Paulo Guimarães, participou da assinatura de um memorando de entendimento para formação de uma Joint Venture entre a empresas baiana AN Solar e a alemã Kaco New Energy, uma das maiores produtoras de inversores de potência do mundo. O documento dá seguimento às etapas que viabilizarão a futura instalação de uma fábrica de inversores no Estado da Bahia.
"Uma vez de posse desse documento, nosso próximo passo, que deve acontecer em julho, é assinar protocolo de intenções com a empresa AN Solar para implantação da fábrica de inversores com a tecnologia da alemã Kaco. A Bahia passará a produzir um dos itens mais importantes dos módulos fotovoltaicos, que é composto do painel (vidro + célula), do "tracker" que faz o painel girar acompanhando o sol e do inversor de potência", afirma Guimarães.
De acordo com José Augusto Fernandes Neto, sócio diretor da AN Solar, a estimativa de investimento é de R$ 7 milhões com criação de 550 empregos diretos e indiretos. "Escolhemos a Bahia devido a sua proximidade do maior potencial solar do país, os semiáridos baiano, pernambucano e piauiense. Quando a fábrica estiver em plena capacidade serão produzidas anualmente 10 mil unidades de inversores", diz.
Na oportunidade, o superintendente se reuniu com a empresa brasileira Solyes e a suíça Meyer Burger, um dos maiores fabricantes mundiais de equipamentos para produção de painéis solares. A Solyes, que tem protocolo de intenção com a SDE para implantar uma fábrica de painéis em Juazeiro, contará com equipamentos de última geração da empresa suíça.
"Inicialmente a Solyes vai importar o vidro para produção dos painéis e a célula fotovoltaica. Mas o governo já apresentou uma solução para que a produção do vidro seja feita na Bahia a partir da mina de sílica de alta pureza que fica na região de Belmonte e com direitos minerários pertencentes ao Estado. Na próxima semana vamos nos reunir com a empresa para apresentar o potencial da mina de sílica do Estado, tratar do processo de incentivos fiscais e da implantação da sua fábrica na Bahia", explica.
Segundo o CEO da Solyes, Sérgio Marques, a previsão é que a fábrica entre em operação no 2º semestre de 2018 para fabricação de painéis de geração distribuída e concentrada, que são os parques solares. "Vamos fabricar painéis solares com tecnologia smartwire, todo equipamento será montado na Bahia. Quanto à matéria prima, parte será importada e parte pode ser adquirida de empresas também domiciliadas no estado da Bahia", afirma.
Marques diz que a estimativa é investir R$ 80 milhões. "Estamos na fase de teste de solo, obtenção de licenças ambientais e ajuste dos incentivos fiscais. Nas obras civis serão gerados cerca de 200 empregos e quando a fábrica estiver em funcionamento em dois turnos serão criadas 50 vagas. Com três turnos, o número de empregos aumenta para 70, lembrando que serão cargos de nível técnico alto", afirma.
Potencial da sílica baiana
Além da sua posição privilegiada, o que faz da Bahia líder em investimentos na geração de energia fotovoltaica, o estado tem algumas das melhores reservas de areia silicosa e quartzo do mundo, matéria-prima para a produção de painéis fotovoltaicos, células solares e vidros extra clear.
"A jazida de sílica (SiO2), localizada no município de Belmonte, Extremo Sul baiano, é de altíssima pureza e atualmente o Estado tem ainda 2/3 disponíveis para exploração. A composição química média "in natura" é igual a 98,94% com baixo teor de contaminantes e metais e hoje já está sendo utilizada por uma empresa de vidro para cosméticos. Com o processamento o SiO2 atinge uma pureza de 99,995% atendendo a todo mercado de sílica processada", afirma Paulo Guimarães.
A autorização para utilização das jazidas de sílica é dada pela CBPM - Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, através de licitação. Após aquisição dos direitos minerários, a empresa passa a pagar "royalties" à CBPM.
Cadeia produtiva
Guimarães explica que com a produção dos inversores na Bahia, com tecnologia alemã, o Estado passa a produzir um equipamento que corresponde de 20 a 30% do módulo solar do ponto de vista de custo. "É um equipamento de alta tecnologia e portanto nós vamos ter aqui condição de iniciar uma cadeia produtiva. Em seguida começaremos a produzir os painéis e espero que em breve os próprios "trackers" fazendo com que com a produção local contribua financeiramente com a instalação dos projetos de parques solares a serem implantados na Bahia ou em outros estados, já que o BNDES exige para concessão do financiamento um percentual de mais de 60% de conteúdo local", afirma.
O superintendente destacou que o empenho do governo na atração de investimentos abriu um importante canal de diálogo com outra gigante do setor, a Siemens, que hoje já investe na Bahia, pois a mesma acabou de adquirir a Gamesa, uma empresa tradicional do setor de energia eólica. "A Siemens está demonstrando interesse em investimentos na área de energia solar. Tive uma primeira conversa com o diretor global de energia fotovoltaica e eles demonstraram interesse de montar uma fábrica de equipamentos solares aqui na Bahia e nós vamos ainda este ano voltar a conversar com a empresa para verificar onde e que tipo de produto eles fabricariam aqui", diz.
Finalizando sua visita à Alemanha, Guimarães se reuniu com o Governo da Baviera que tem interesse em fazer um irmanamento com a Bahia. "Existem várias áreas de interesse comum como ciência e tecnologia, turismo, cultura, energia, então a ideia agora depois desse encontro é que algumas atividades, principalmente na área de interação científica, tecnológica e entre universidades comecem a acontecer para que ainda este ano haja a possibilidade da assinatura desse termo de irmanamento entre a Baviera e a Bahia", finaliza.
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