Em 1978, com a construção da barragem de Sobradinho, mais de 72 mil pessoas que moravam às margens do Rio São Francisco foram atingidas. Com a enchente do Lago de Sobradinho, estas pessoas precisaram deixar para trás tudo que tinham construído com muito esforço.
Casas, roças, criações e plantações ficarão embaixo das águas. Segundo o ex-deputado Jorge Solla, que discutiu essa ação que foi movida contra a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), na câmara dos deputados em 2015, diz que "na época, favorecida pela desarticulação social dos camponeses e pela truculência do aparato estatal, a Chesf estabeleceu um sistema de compensação a baixo custo, considerando como devolutas as terras não tituladas e indenizando apenas as benfeitorias, para baratear o custo da obra".
Independente de devoluta, as famílias que ali tinham construído suas vidas e famílias, tiveram seus bens naufragados e um pequeno casebre do outro lado da vida, não indenizava suas histórias afogadas com a construção da barragem. Remanso, Casa Nova, Sento-Sé e Pilão Arcado foram os povoados por onde essa construção deixou os rastros e até então 39 anos depois, os representantes da Chesf, juntamente ao Governo Federal, nunca mais olharam para trás para ver o que aconteceu com aquelas famílias.
Há 12 anos, um grupo desses ribeirinhos atingidos por essa tragédia resolveu abrir um processo contra a Chesf para que sejam indenizados pelo estrago. Mas até esta data, o processo tramita de um lado para outro sem respostas ou decisão. Muitos desses ribeirinhos proprietários desses bens perdidos já morreram, mas tem seus familiares que tem direitos sobre a indenização.
Eles não criaram essa situação, eles foram vítimas de um progresso sem planejamento ou humanidade. Estar na hora da Chesf ou Governo Federal assumir seu papel e reparar esse crime gravíssimo contra essas pessoas. Eu como filha de um desses ribeirinhos do Povoado de Piri, Sento-Sé, irei movimentar e divulgar essa situação pelas redes sociais até que chegue ao conhecimento das pessoas responsáveis pelo pagamento dessa indenização. Farei o que for necessário para que o grito daqueles trabalhadores rurais, pescadores ou vaqueiros, sejam ouvidos. Deixo aberto também para auxilio político, pois nesse momento toda ajuda é bem-vinda e sabemos que quando existe uma força política à frente de uma situação, os resultados são mais rápidos.
Adriana Menezes dos Santos
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