É impressionante a que ponto chegou parte da classe política do nosso país. Temos um presidente da República, Michel Temer (PMDB), que não renuncia com medo de perder o foro privilegiado e ir parar na cadeia.
Um presidente da República que, após ter sido pego em gravação com o empresário Joesley Batista, da JBS, cometendo todo tipo de crime, inclusive, obstrução de Justiça, mas que insiste em continuar na Presidência.
Um presidente que não tem o menor respeito ao povo brasileiro e o menor compromisso com o futuro do país. Até porque se tivesse, já teria renunciado.
Um presidente que, nesta quarta-feira (07), foi pego em mais uma mentira. Ele havia dito que não viajou de São Paulo para Comandatuba no avião da JBS, e sim que teria viajado em avião da FAB. Nesta quarta (07), ele lembrou que viajou sim no avião da JBS, voo no qual o empresário - segundo o próprio delata - comprou flores para a primeira dama, Marcela Temer.
Estou indignado e apreensivo com o clima no Congresso Nacional. A maioria dos deputados da sua ainda sofrível base aliada diz, claramente, que Michel Temer só renunciará se o Poder Judiciário ou o Congresso Nacional encontrar uma fórmula para que ele continue com o foro privilegiado.
Nunca vi tamanho absurdo em nenhuma grande democracia do mundo. O Brasil vive, sem sombra de dúvida, a maior crise ética da sua história.
Estamos todos ansiosos, apreensivos e curiosos, esperando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maioria dos deputados da base, num nítido desrespeito ao Judiciário, diz que o jogo já está jogado, ou seja, que Michel Temer será absolvido.
Michel Temer e sua turma estão preocupados com uma possível denúncia do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que, segundo eles, poderá ocorrer na próxima semana.
Em função disso, Michel Temer e seus ministros não fazem outra coisa a não ser receber presidentes de partidos políticos e grupos de parlamentares fazendo todo tipo de oferta para tentarem garantir os 172 votos que são necessários para que ele não se torne réu, caso a denúncia seja feita pela Procuradoria Geral da República.
O governo Michel Temer acabou. Até quando os mais de 207 milhões de brasileiros vão aceitar tamanho desrespeito, cinismo e agressão à nossa democracia?
* Sílvio Costa é deputado federal e vice-líder da oposição na Câmara dos Deputados.
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