O jogador juazeirense Dani Alves escreveu para o site The Players' Tribune e falou sobre a sua vida em Juazeiro, sua família, o início de carreira, a sua tempirada em Sevilla FC, FC Barcelona, Juventus e muito mais! Confira a seguir!
"Eu vou começar contando um segredo. Na verdade, você pode tomar conhecimento de alguns segredos nesta história, porque sinto que sou incompreendido por muita gente. Mas vamos começar com esse primeiro segredo.
Três meses atrás, quando o Barcelona fez sua incrível remontada contra o Paris St-Germain pela Champions League, eu estava assistindo a cada lance sentado no meu sofá. Você podia pensar a partir da leitura dos jornais que eu esperava que meu antigo clube perdesse.
Mas e quando meu irmão Neymar marcou aquele lindo gol de falta? Eu pulei do sofá e estava gritando para televisão.
“Vamooooooos”
Quando o Sergi Roberto operou aquele milagre aos 50 minutos do segundo tempo?
Como todos os demais torcedores do Barça ao redor do mundo, eu estava ficando completamente maluco. Porque a verdade é que o Barcelona ainda está no meu sangue.
Fui desrespeitado pela cúpula dos dirigentes quando eu saí do clube no verão passado? Certamente que sim. É simplesmente a maneira como eu me sinto a respeito, e você jamais pode dizer algo diferente a esse respeito para mim. Mas não é possível jogar por um clube ao longo de oito anos, e alcançar tudo o que nós alcançamos, e não ter esse mesmo clube no coração para sempre. Dirigentes, jogadores e membros do conselho vêm e vão. Mas o Barça nunca vai desaparecer.
Quando eu fui para a Juventus, eu fiz uma promessa final para a cúpula do Barcelona. Eu disse, “Vocês vão sentir saudades de mim”.
Eu não quis dizer como jogador. O Barça tem muitos jogadores incríveis. O que eu quis dizer foi que eles iriam sentir saudade do meu espírito. Eles iriam sentir saudade de alguém que prezava tanto pelo ambiente e pelo clube. Eles iriam sentir saudade do sangue que eu derramei todas as vezes que eu coloquei a camisa do Barcelona.
Quando eu tive de jogar contra o Barcelona na rodada seguinte, pelas quartas-de-final da Champions League, havia um sentimento bastante estranho no ar. Especialmente no segundo jogo, no Camp Nou, a sensação era a de que eu estava em casa de novo. Pouco antes do jogo começar, eu fui até o banco de reservas do Barcelona e cumprimentei meus colegas, e eles diziam: “Dani, venha e sente aqui conosco. Nós guardamos o seu lugar, irmão”.
Eu estava dando a mão para todos de costas para o árbitro. De repente, eu ouvi um apito. Eu me virei e o árbitro já iniciara a partida. Saí correndo para o campo, e eu pude ouvir meu antigo treinador, Luís Henrique, se matando de rir.
É engraçado, não? Mas aquele jogo não era uma piada, especialmente para mim. As pessoas me veem e dizem: “O Dani está sempre brincando. Ele está sempre sorrindo. Ele não é sério.”
Preste atenção, vou te contar outro segredo. Antes de eu enfrentar os melhores atacantes do mundo – Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo – eu estudo as suas forças e as suas fraquezas como uma obsessão, e então eu planejo como vou atacar. Meu objetivo é mostrar ao mundo que Dani Alves está no mesmo nível. Talvez eles me driblem uma ou duas vezes. Certo, tudo bem. Mas eu irei para cima deles, também. Eu não quero ser invisível. Eu quero o palco. Mesmo aos 34 anos, depois de 34 troféus, eu sinto que tenho de provar isso todas as vezes.
Mas ainda é mais profundo do que isso.
Pouco antes de cada partida, eu sigo a mesma rotina. Eu fico de frente ao espelho por cinco minutos e bloqueio todo o resto. Então um filme começa a rodar na minha cabeça. É o filme da minha vida.
Na primeira cena, eu tenho 10 anos de idade. Eu estou dormindo numa cama de concreto na pequenina casa da minha família em Juazeiro (BA), Brasil. O colchão é tão fininho quanto o seu dedo mindinho. A casa cheira a terra molhada, e ainda está escuro lá fora. São 5 da manhã, e o sol ainda não nasceu, mas eu tenho de ajudar a meu pai na nossa fazenda antes de ir à escola.
Meu irmão e eu vamos para o campo, e nosso pai já está lá, trabalhando. Ele está carregando um tanque grande e pesado nas costas, ele está pulverizando as plantas e as frutas para matar as pragas de uma colheita.
Meu irmão e eu provavelmente somos muito novos para manipular, mas ainda assim nós ajudamos. Esta é a nossa forma de comer… de sobreviver. Por horas, eu fico competindo com meu irmão para ver quem é o trabalhador mais dedicado. Porque aquele que mais ajudar a nosso pai vai ter mais direito ao uso da nossa única bicicleta.
Se eu não ganhar a bicicleta, eu terei de caminhar 20 quilômetros da nossa fazenda até a escola. A volta da escola é ainda pior, porque eu tinha de voltar correndo para conseguir chegar a tempo de jogar a pelada.
Mas e se eu ganhar a bicicleta? Então eu posso ficar com as meninas. Eu posso escolher uma delas no caminho e oferecer uma carona até a escola. Por 20 quilômetros, eu sou o cara.
Então eu trabalho duro para caramba.
Eu olho para o meu pai enquanto eu saio para a escola, e ele ainda está com o mesmo tanque grande e pesado nas costas. Ele tem ainda um dia inteiro pela frente, e então à noite ainda há o pequeno bar que ele administra para ganhar um dinheiro extra. Meu pai foi um jogador incrível quando ele era mais jovem, mas ele não teve dinheiro para ir até a cidade grande e ser notado pelos olheiros. Então ele faz questão de que eu tenha essa oportunidade, mesmo que isso custe a vida dele. A tela escurece.
Agora, é domingo, e nós estamos assistindo aos jogos de futebol na TV preto-e-branca. Há um bombril amarrado na antena para que nós possamos pegar o sinal da cidade, que está muito distante. Para nós, esse é o melhor dia da semana. Há muita alegria em nossa casa. A tela escurece.
Agora meu pai está me levando para a cidade com seu carro velho para que alguns olheiros possam me ver jogar. O carro tem transmissão manual, só com duas marchas – devagar e muito devagar. Eu posso sentir o cheiro da fumaça.
Meu pai é um lutador. Eu tenho de ser um lutador, também. A tela escurece.
Agora, eu tenho 13 anos, e eu estou numa academia de futebol para jovens jogadores numa cidade maior, longe da minha família. Há 100 garotos reunidos num dormitório pequeno. É como se fosse uma prisão. No dia antes de eu sair de casa, meu pai me comprou um conjunto novo para jogar. Com isso, ele dobrou meu guarda roupa. Até então, eu só tinha um conjunto.
Depois do primeiro dia de treinamento, eu pendurei meu conjunto novo no varal. Na manhã seguinte, tinha sumido. Alguém levou. É quando eu percebo que esta já não é mais a fazenda. Este é o mundo real, e a razão para chama-lo de mundo real é porque a coisa é pra valer aqui fora.
Voltei para o quarto, e eu estava morrendo de fome. Nós treinávamos o dia inteiro, e não havia comida no suficiente no campo. Alguém tinha roubado as minhas roupas. Eu sinto saudades da minha família, e definitivamente eu não sou o melhor jogador por aqui. De 100, talvez eu seja o número 51 em termos de habilidade. Então eu faço para mim mesmo uma promessa.
Eu digo a mim mesmo: “Você não vai voltar para a fazenda até você deixar seu pai orgulhoso. Você pode ser o número 51 em habilidade. Mas você será o número 1 ou 2 em força de vontade. Você será um lutador. Você não vai voltar para casa, não importa o que aconteça”.
A tela escurece.
Agora, eu tenho 18 anos de idade, e eu estou contando uma das únicas mentiras que eu já disse no futebol. Estou jogando pelo Bahia no Campeonato Brasileiro quando um importante olheiro vem até mim e diz: “O Sevilla está interessado em te contratar”. Eu digo: “Sevilha, maravilhoso”
O olheiro diz: Você sabe onde fica?” Eu digo: “Claro que eu sei onde Sevilha fica. Sev-iiiiiilha. Eu amo.” Só que eu não faço a menor ideia onde fica Sevilha. Pelo que eu sabia podia ser na Lua. Mas do jeito que ele diz o nome parece importante, então eu minto.
Alguns dias depois, eu começo a perguntar por aí, e eu descubro que o Sevilha joga contra o Barcelona e o Real Madrid. Eu digo para mim mesmo: “Agora”
Só se for agora! Vamos! A tela escurece.
Agora em Sevilha, e estou tão mal nutrido que os técnicos e os outros jogadores olham para mim como se eu tivesse de jogar pela equipe mais jovem. Eu estou no meio dos seis meses mais difíceis da minha vida. Eu não falo o idioma. O treinador não está me colocando para jogar, e pela primeira vez eu penso em voltar para casa.
Mas então, por alguma razão, eu penso no conjunto que meu pai tinha comprado quando eu tinha 13 anos de idade. Aquele que levaram. E eu penso no meu pai novamente com o tanque grudado nas costas, espalhando veneno. E eu decido que vou ficar e aprender o idioma e tentar fazer alguns amigos, assim ao menos eu posso voltar ao Brasil com uma experiência nova para compartilhar.
Quando começa a nova temporada, nosso diretor passa a instrução a todos: “Aqui no Sevilha nossa defesa não ultrapassa a linha do meio campo. Nunca”.
Eu jogo alguns jogos, chuto a bola por aí, olhando sempre para aquela linha. Somente olhando para ela, como um cachorro que está com medo de ultrapassar alguma linha invisível no quintal. Então, num jogo, por alguma razão, eu apenas me solto. Eu tenho que ser eu mesmo. Eu digo, “Agora”
Eu simplesmente vou. Ataque, ataque, ataque.
Funciona como se fosse mágica. Depois disso, o técnico diz: “OK, Dani. Nova estratégia. No Sevilha, você ataca.”
Em poucos anos, nós vamos de um clube que ficava na zona do rebaixamento para levantar a taça da Copa da UEFA duas vezes.
A tela escurece. Meu telefone está tocando. É meu agente. “Dani, o Barcelona está interessado em te contratar” Eu não tenho que mentir desta vez. Eu sei onde fica Barcelona.
Este é o filme que roda na minha cabeça quando eu olho para o espelho antes de cada partida. Ao final, antes de eu voltar para o vestiário, eu sempre digo a mesma coisa para mim mesmo.
Mano, eu vim da Pqp. E estou aqui agora. É irreal, mas eu estou aqui. …Bora.
Quando eu tinha 18 anos de idade, eu atravessei o oceano para jogar por um clube que jogava contra o Barcelona. Então ter a honra de jogar pelo Barcelona? Era incrível. Eu consegui ser a testemunha de um verdadeiro gênio.
Eu me lembro que, durante um treino, o Messi estava fazendo coisas com a bola nos pés que desafiavam a lógica. Claro, é o tipo de coisa que ele fazia todos os dias. Só que desta vez algo estava diferente.
Agora, eu preciso lembrar a você, era uma sessão de treinamento extremamente intensa. Nós não estávamos brincando, jogando bobinho. O Messi estava driblando, atravessando a defesa, e finalizando como um matador.
E então, enquanto ele está passando por mim, e eu olho para os pés dele, e eu estou pensando comigo mesmo: “Isto é uma piada?” E ele está passando por mim novamente, e eu penso: “Não, é impossível”.
E ele está passado por mim novamente, e agora eu tenho certeza do que estou vendo. As malditas das chuteiras estavam desamarradas. As duas.
Eu quero dizer completamente desamarradas. Esse cara estava jogando contra os melhores defensores do mundo, simplesmente flutuando, e ele age como se fosse um domingo no parque. E esse foi o momento em que eu soube que eu jamais jogaria com alguém como ele novamente na minha vida.
E então, claro, há Pep Guardiola.
Se você virar a palavra computador de trás para frente, vai aparecer Steve Jobs.
Se você virar a palavra “futebol” de trás para frente, vai aparecer Pep.
Ele é um gênio. Vou dizer novamente. Um gênio.
Pep contaria para você exatamente como tudo ia acontecer num jogo antes mesmo da partida começar. Por exemplo, o jogo contra o Real Madrid em 2010, quando nós ganhamos de 5-0? Pep nos disse antes do jogo, “Hoje, vocês vão jogar futebol como se a bola fosse de fogo. A bola jamais ficará nos pés de vocês. Nem meio segundo. Se vocês fizerem isso, não haverá tempo para que eles nos pressionem. Nós ganharemos facilmente.”
Quando nós saíamos de uma preleção como essa a sensação era de que o jogo já estava 3-0 para nós. Nós estávamos tão preparados, tão confiantes, que nós sentíamos que já saíamos ganhando.
A coisa mais engraçada era se nós terminássemos o primeiro tempo e o jogo não estivesse indo bem; Pep se sentaria e esfregaria a cabeça.
Você sabe como ele esfrega a cabeça? Você já deve ter visto, não? É como se ele estivesse massageando o cérebro, procurando o gênio para agarrá-lo.
Ele faria isso na nossa frente no vestiário. Então, como mágica, surgiria uma revelação para ele. Bang!
“Já sei!”
Daí, ele pularia e começaria a dar as instruções, desenhando o esquema no quadro.
“Nós faremos isto, e isto, e isto; e então nós marcaremos o gol”.
Então nós saíamos e fazíamos isto, e isto, e isto. E era assim que nós fazíamos o gol. Era uma coisa maluca.
Pep foi o primeiro treinador da minha vida que me ensinou a jogar sem a bola.
E ele não somente exigiria que os jogadores mudassem seu jogo, ele nos fazia sentar e nos mostrava por que gostaria que nós mudássemos com estatísticas e vídeo.
Aqueles times do Barça eram quase imbatíveis. Nós jogávamos de memória. Nós já sabíamos o que nós iríamos fazer. Nós não tínhamos que pensar.
É por isso que, até hoje, o Barça está no meu coração.
E foi por isso que, quando nós batemos o Barcelona na Champions League, eu fui até meu irmão Neymar, e dei um abraço nele. Ele estava chorando, e eu estava quase chorando, também.
Eu posso imaginar as pessoas lendo isso, perguntando-se por que é que estou dividindo esses segredos.
Bem, a verdade é que estou com 34 anos. Eu não sei por quanto tempo ainda vou jogar. Talvez dois ou três anos. E eu sinto que as pessoas não me entendem, tampouco a minha história completa.
Quando eu vim para a Juventus nesta temporada, foi como se eu estivesse saindo de casa novamente. Eu fiz isso com 13, quando fui para a escola de futebol. Eu fiz novamente aos 18, indo para a Espanha. E fiz mais uma vez, aos 33, indo para a Itália.
Outra vez, eu estava como o cachorro no quintal. Eu estava olhando a cerca invisível.
Devo ir? Mas eu não fui. No começo desta temporada, eu quis ter a certeza de que os jogadores da Juve entendiam que eu respeitava a filosofia deles, assim como a história do clube. Uma vez que eu tivesse a confirmação de ter conquistado o seu respeito, eu tentaria mostrar a eles minha força, também. Um dia, eu olhei para a linha do meio campo e disse para mim mesmo, Devo ir?
…Bang! Agora.
Ataque, ataque, ataque (e, OK, um pouco de defesa, também, ou Buffon ficará gritando comigo). Às vezes, eu penso que a vida é um círculo.
Veja, eu não consigo escapar destes argentinos. No Barça, eu tinha o Messi. Na Juve, eu tenho o Dybala.
Os gênios me seguem em todo o lugar, eu juro. Um dia, no treinamento, eu vi uma coisa no Dybala que eu vi no Messi. Não é apenas o dom do puro talento. Eu tenho visto isso muitas vezes na minha vida. É o dom do puro talento combinado com a vontade de conquistar o mundo.
No Barça, nós jogávamos de memória.
Na Juve, é diferente. É a mentalidade coletiva que nos levou até a final da Champions League. Quando o apito soar, nós simplesmente daremos um jeito de ganhar não importa a dificuldade. Ganhar não é apenas um objetivo para a Juve; é uma obsessão. Não há desculpas.
Neste sábado, eu tenho a chance de conquistar a 35ª taça em 34 anos de vida na terra. É uma oportunidade especial para mim, e isso não tem nada a ver com provar para a cúpula do Barcelona que eles cometeram um erro ao me deixarem sair de lá.
Eu sei que eles jamais vão admitir isso.
Esse não é o ponto.
Você se lembra quando eu contei a respeito da academia de futebol no Brasil, quando eu disse a mim mesmo que eu jamais voltaria para a fazenda até fazer meu pai ficar orgulhoso?
Bom, meu pai não lá uma pessoa muito emotiva. Eu nunca soube quando verdadeiramente alcancei aquele momento de fazê-lo ficar de fato orgulhoso. Durante a maior parte da minha carreira, ele estava em casa, no Brasil.
Mas em 2015 ele foi a Berlim para me ver ganhar a final da Champions League pela primeira vez pessoalmente. Eu me lembro que, após as comemorações pela conquista nos gramados, o Barça deu uma festa especial para as famílias dos jogadores.
Nós tivemos que entregar o troféu para as pessoas que nos ajudaram a realizar nossos sonhos. Então eu me lembro que, quando foi a minha vez, passei o troféu para o meu pai, e nós dois o estávamos segurando, posando para a foto.
Então, ele disse uma coisa, que, por ser um palavrão, eu não vou reproduzir aqui exatamente com precisão.
Mas, basicamente, ele disse algo do tipo “Meu filho é o cara agora”
E você quer saber? Ele estava chorando como um bebê.
Aquele foi o grande momento da minha vida.
No sábado, eu terei a oportunidade de jogar por outro troféu da Champions League contra um oponente bastante conhecido. Como sempre, eu estudarei o Cristiano Ronaldo como uma obsessão.
Como sempre, eu irei para a frente do espelho antes da partida e rodar o mesmo filme na minha cabeça.
A tela escurece, e eu me lembro destas coisas…
Minha cama de concreto.
O cheiro da terra molhada.
Meu pai carregando o tanque de veneno nas costas.
O caminho de 20 quilômetros até a escola.
O novo conjunto de roupa.
O varal de roupas vazio.
“Claro que eu sei onde é Sevilha”
Mano, eu vim da Pqp.
E estou aqui agora.
É irreal, mas eu estou aqui."
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