O prudente afastamento temporário deste colunista por motivo médico, na abordagem dos temas da atualidade, sugeriu a alternativa da coluna “VALE A PENA LER DE NOVO” reeditando, assim, algumas crônicas de anos anteriores. Ainda assim, muito feliz pela reação positiva de alguns leitores que antes não tiveram acesso ao texto na primeira edição. Contudo, foi um recesso penoso e que gerou inquietação nessas quatro semanas, diante de um Brasil convulsionado por tantas evidências de que está cada vez mais difícil de reencontrar o seu destino.
Como tem sido difícil para os brasileiros a constatação de que até das instituições que se acreditava preservarem uma reserva mínima de integridade, emanam decisões de relevância jurídica duvidosa, mesmo que seja apenas da parte de algumas “turmas” ou membros isoladamente, mas que afetam a estrutura moral do todo da instituição! Era um patrimônio nacional inatacável e que, de repente, se vê comprometido com a obrigação de mostrar a sua isenção e independência como Poder, necessitando de uma atitude que demonstre passos na direção da reconquista da confiança perdida. Foi muito triste, também, ver nomes de nossa Corte maior circularem nas redes sociais atingidos por comentários jocosos e pouco elegantes em razão de decisões assumidas sob a presunção de influências políticas e não embasadas nos fundamentos jurídicos dos quais são mestres competentes.
Nada mais conflitante para um povo que vem depositando as suas esperanças nesse processo de depuração que se iniciou com a LAVA JATO para alcançar o expurgo total da degradação em que mergulharam a Nação, do que vê setores da própria Justiça se digladiando e competindo entre si. Já se viu que não basta prender essa corja de bandidos que se travestiu de pessoas de bem no universo político nacional para assaltar os cofres públicos. É preciso ir mais além. Como disse o Procurador Deltan Dallagnol, Procurador- Coordenador Geral das Investigações, em entrevista à Folha de S. Paulo: “Não basta retirar as maçãs podres. Precisa mudar as condições de temperatura, umidade, luz, que fazem a maçã apodrecer”.
O que mais desencanta ao eleitorado brasileiro que tem no voto o instrumento hábil para modificar o devastado quadro político atual pela via democrática da eleição direta, é ter a certeza de que os nomes que se apresentam no cenário político nacional para a Presidência da República, sãos os mais envolvidos nas investigações por crimes de corrupção e pelos quais terão de prestar contas à Justiça e à Nação. Falta a esses pretendentes a honradez e a dignidade necessárias ao perfil que querem exibir de salvadores da pátria. O pior é que o circo já está armado e os primeiros espetáculos já começaram a acontecer...!
Se está ruim agora, com esse governo infestado de nomes igualmente comprometidos em denúncias e processos, que dizem ser ilegítimo, mas foi legalmente eleito pelo voto dos que a ele agora se opõem, ainda pior é a perspectiva que se apresenta de termos um futuro governo assumido pelos que criaram as organizações criminosas e comandaram o Petrolão no país, muitos deles com trânsito pelas prisões de Curitiba, cujas grades estão sendo abertas...! O Brasil não merece a infelicidade de ser governado por ex prisioneiros que afanaram os cofres públicos e destruíram as nossas melhores estatais... Nunca defendi o governo que aí está, e que não elegi, porque entendo ser fraco e cada dia mais enfraquecido. Mas o Temer está sendo o algoz de Reformas que eles queriam fazer e não tiveram a coragem para tanto. Se eleitos, quero ver a coragem e a bravura que agora exacerbam nos discursos enganosos e populistas, para anular tudo que agora está sendo feito contra o honesto trabalhador!
Lamentável que chegamos a tão baixo nível como Nação, e cuja única conclusão aceitável é a de que o Brasil precisa ser repensado em todos os seus mínimos valores morais, políticos e institucionais, se assim desejar restabelecer o respeito internacional que já foi perdido.
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
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