Produtores familiares do baixo Salitre, no Norte da Bahia, estiveram reunidos, nesta quarta-feira (10), em um seminário voltado para discutir as melhores soluções para a produção agrícola familiar racional e o desenvolvimento socioeconômico da região. O evento foi promovido pela Associação Águas do Salitrinho, com apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), e aconteceu na sede da 6ª Superintendência Regional, em Juazeiro.
O Projeto Salitrinho é composto por mais de 320 agricultores familiares do baixo Salitre, distribuídos numa área de aproximadamente 750 hectares, dos quais mais de 400 hectares são considerados produtivos. Atualmente, os principais cultivos existentes no baixo Salitre são de culturas anuais, como melão, cebola, tomate, melancia e abóbora. Em menor quantidade, são produzidos quiabo, pimentão, pimentinha e repolho. Dentre as fruteiras, a manga e a goiaba têm destaque, seguidas pela produção de banana e acerola.
Segundo avaliação de técnicos da Codevasf e de integrantes da Associação Águas do Salitrinho, desde 2010, a realidade produtiva do projeto mudou consideravelmente, sobretudo no trecho compreendido entre a foz do rio Salitre até o distrito do Junco. Com isso, a produtividade de olerícolas e fruteiras tem garantido trabalho e renda para diversas famílias da região.
"A nossa expectativa, com esse seminário, é que os usuários do Salitrinho possam administrar, cada vez melhor, os seus plantios e também conscientizá-los quanto ao uso adequado da água. Hoje, com a chegada das adutoras, os salitreiros têm produzido mais e aumentado seu poder de compra. Podemos dizer que não existe desemprego nessa região. A Codevasf tem sido uma grande parceira para esse desenvolvimento", afirmou Roberval Amorim, presidente da Associação Águas do Salitrinho.
O superintendente regional da Codevasf em Juazeiro, Misael Aguilar Silva Neto, explica que a Codevasf, nos últimos meses, fez algumas intervenções para desassoreamento do rio Salitre, justamente para melhorar a oferta de água para as comunidades e produtores que dependem do rio. "É da essência da Codevasf participar de tudo o que envolva a irrigação no Vale do São Francisco e, com essas ações, a empresa reforça o seu papel de parceira do Salitrinho", destacou.
O seminário conta com a participação de representantes de entidades de produtores, órgãos ambientais, imprensa regional, autoridades políticas, civis e militares do município e do estado, entre outros. Para o representante do Sebrae – Unidade Regional de Juazeiro, Carlos Rafael Souza, o Salitre é um projeto importante para a região. "O Sebrae tem buscado uma aproximação forte com os projetos, envolvendo, por exemplo, questões de direcionamento de gestão e serviços tecnológicos para ajudar o produtor a desenvolver melhor suas atividades, a fim de que tenha produtividade e melhor faturamento", salientou.
Uso da água
A água do projeto Salitrinho é fornecida pela Codevasf por meio de duas adutoras, implantadas pela Companhia a partir do projeto público de irrigação do Salitre, no município de Juazeiro. Em 2015, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou à Codevasf que realizasse a cobrança pelo uso água, mediante tarifação específica. Até então, os agricultores familiares não pagavam por isso, já que o governo federal, por meio da Companhia, custeava todo o sistema de adução e distribuição, numa vazão aproximada de 900 litros por segundo.
Para gerenciar o uso dessa água, foi criada – em parceria com a maioria dos agricultores do projeto – a Associação Águas do Salitrinho, que hoje funciona semelhante a um distrito de irrigação. A entidade possui dois funcionários e é composta por um conselho administrativo, com oito pessoas, e um conselho fiscal, com três integrantes.
Nas reuniões realizadas pela associação, com a participação de representantes da Codevasf, são analisadas questões como o descumprimento de pontos do estatuto da associação, como o plantio de áreas de tamanho acima do permitido, inadimplência referente ao pagamento da tarifa de água e até ligações clandestinas de energia elétrica.
Rio Salitre
O Salitre é um rio que nasce na localidade de Boca da Madeira, no município de Morro do Chapéu, e percorre cerca de 333 quilômetros até desaguar em Juazeiro, a jusante da barragem de Sobradinho. Na região de Juazeiro, o rio foi subdividido em três partes: alto, médio e baixo Salitre. Devido à presença da água e à qualidade dos solos, o vale do rio Salitre foi um dos pioneiros na prática da agricultura irrigada.
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