A reunião da pediatria do Hospital Dom Malan/IMIP de Petrolina abordou esta semana o tema “Transtorno do Espectro Autista”, uma condição cada vez mais comum e presente nos consultórios e na vida das famílias. O autismo requer um diagnóstico precoce para que seja feita uma estimulação adequada, de forma que possa minimizar os prejuízos sociais, educacionais, motores e da comunicação. Para isso, os médicos, em especial os que trabalham com criança, precisam estar aptos e sensíveis ao diagnóstico clínico.
“Encontramos nessas reuniões a oportunidade de debater temas relevantes, informar e socializar, de forma que os nossos profissionais possam estar sempre atualizados e no mesmo nível de conhecimento. Trazer o autismo para o centro do debate foi uma sugestão do nosso neuropediatra, bastante pertinente inclusive, pois percebemos o aumento do número de casos que estão chegando aos serviços de saúde”, relata a diretora de Ensino e Pesquisa, Angélica Guimarães.
Para o especialista Jadson Fraga Júnior, para desmistificar o autismo é preciso entender primeiro essa condição que engloba diferentes síndromes e níveis. “O transtorno do espectro autista pode se apresentar de diversas maneiras, em maior ou menor grau. Mas, as pessoas quando pensam em autismo, em geral, imaginam apenas a forma mais grave da doença, quando a criança apresenta automutilação, deficiência intelectual associada, com severo comprometimento da fala e da socialização. Mas, essa é uma realidade apenas para a minoria dos casos. Na sua grande maioria, o autista consegue ter uma vida funcional e com autonomia, para isso ele precisa ser acompanhado por especialistas, ser estimulado precocemente e fazer uma manutenção para evitar a regressão dos ganhos”, esclarece.
Ainda sobre o transtorno, o neuropediatra acrescenta que existe o autismo de alto desempenho, no qual a criança pode apresentar uma inteligência acima da média em determinada área do conhecimento. “Essas são crianças verbais, inteligentes, chegando a ser confundidas com gênios, e que apresentam as dificuldades do autismo em grau bem reduzido”, informa. O jogador de futebol Messi e o diretor da Microsoft Bill Gates, são bons exemplos desse tipo específico do autismo de alto funcionamento, ou Síndrome de Asperger, como também é conhecido.
De acordo com Jadson, os médicos clínicos, em especial os pediatras, são capazes de diagnosticar o autismo, principalmente os casos mais típicos. “Treinar os profissionais de saúde para que saibam identificar esse tipo de transtorno é fundamental, e é isso que nós estamos fazendo aqui hoje. Essa reunião é mais um momento de aprendizagem e, acima de tudo, de sensibilização, pois tanto no ambulatório quanto no pronto socorro infantil recebemos casos de autismo e devemos estar aptos a realizar os encaminhamentos corretos”, ressalta.
Encaminhamentos esses que passam pelo contato semanal com o profissional de fonoaudiologia para o desenvolvimento da linguagem; terapia ocupacional para o estimular da motricidade fina e coordenação motora; psicologia para trabalhar a socialização e diminuir as estereotipias como movimentos repetitivos sem propósito; e psicopedagogia para a adaptação curricular da criança. “Além disso, o paciente deve ser acompanhado pelo neuropediatra, em alguns casos específicos, e fazer o uso de farmacológicos quando indicado”, recomenda Jadson.
Todas essas orientações podem fazer a diferença. “Existem evidências científicas de que, se o diagnóstico e a estimulação precoce forem iniciadas antes dos 2 anos de idade, o paciente pode não evoluir para o autismo. Mas, mesmo que isso não aconteça, sem dúvida, essa criança chegará aos 8 ou 9 anos em uma condição totalmente diferente do que chegaria se não fosse acompanhada”, deixa claro.
“Outros temas com a mesma importância serão discutidos”, é o que garante a diretora de Ensino e Pesquisa. “Semanalmente temos essa reunião por setor e eventualmente trazemos convidados, sempre procurando abordar assuntos do nosso cotidiano e de relevância social”, afirma Angélica.
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