O Sindicato dos Servidores Municipais de Petrolina – SINDSEMP, junto a outros sindicatos e representantes de movimentos sociais do vale do São Francisco mobilizaram grande número de trabalhadores, estudantes e sociedade, em manifestação pacífica nas ruas da cidade.
O evento teve início às 8h da manhã desta quarta-feira (15), com concentração na Praça do Bambuzinho. Os depoimentos seguiram o mesmo discurso de indignação em relação a Proposta de Emenda Constitucional nº 287/2016, conhecida como Reforma da Previdência, apresentada pelo Governo Michel Temer, e que vai avançando na Câmara dos Deputados, embalada pela folgada maioria governista, o que, de certa forma, preocupa, considerando a gravidade das mudanças que são propostas.
A PEC 287 é considerada abusiva em relação aos direitos trabalhistas, a exemplo da exigência de contribuição por 49 anos para obtenção da aposentadoria integral, e a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria, tanto para homens como para as mulheres, desconsiderando a expectativa de vida do povo mais pobre que dificilmente obterá a aposentadoria, além de negligenciar a necessidade de um tratamento diferenciado às mulheres, que são submetidas a uma dupla jornada de trabalho. Outros fatores agravantes dessa reforma é a redução do valor geral das aposentadorias, independente dos montantes de contribuição, a fragilização da aposentadoria dos trabalhadores rurais, em gravíssimo retrocesso às conquistas da Constituição de 1988.
Como se não bastasse, a PEC 287 ainda sugere a extinção da aposentadoria especial para os professores, sem levar em consideração a sua jornada doméstica de planejamento de aulas e correção de provas, a vedação de acumulação de pensão por morte com aposentadoria, reduzindo a renda familiar dos cônjuges viúvos, e a fixação de pensão por morte e outros benefícios em patamar abaixo do salário mínimo, entre outros. São direitos adquiridos à duras lutas, que estão sendo ameaçados pela Reforma da Previdência.
A representante da União dos Estudantes Secundaristas de Petrolina, Larissa Vanessa registra a importância da juventude fortalecer a luta dos trabalhadores brasileiros contra esse “ataque aos direitos” previstos na Constituição. “A gente percebe a cada dia que o golpe não foi contra a um partido, a uma pessoa, mas foi contra aos direitos do povo”, desabafa a estudante que frisa ainda que o presidente Michel Temer não foi eleito pelo povo, e mostra-se indignada com a declaração do presidente, em rede nacional, que ele não se preocupa em ser impopular, o que caracteriza a sua indiferença com os direitos do povo, nem com a opinião pública.
Sobre os vereadores de Petrolina, apenas os representantes do Partido dos Trabalhadores, Gilmar Santos e Cristina Costa se fizeram presentes na manifestação, convidando o povo à uma reflexão mais direcionada aos quatro Deputados Federais da nossa cidade, que merecem ser respondidos nas urnas, de acordo com seus votos. Com a expressão “Quem vota, não volta”, participantes levaram cartazes adesivos de Gonzaga Patriota, Adalberto Cavalcante, Guilherme Coelho e Fernando Filho, no percurso da marcha, que teve como destino a sede do INSS.
Além de representantes de Petrolina, sindicalistas de Afrânio e Dormentes se fizeram presentes na mobilização, que não contou com a participação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolina, um dos sindicatos mais importantes do Pernambuco, fato que repercutiu negativamente, segundo o Diretor de Saúde do Trabalhador, Lucenildo Lima, o Didi do SINDSEMP, que ressalta que o trabalhador rural será um dos mais prejudicados com a aprovação da reforma.
O presidente do SINDSEMP, Walber Lins, considerou a mobilização “extremamente gratificante”, com boa representação dos servidores municipais, representantes de movimentos sociais, centrais sindicais, além dos servidores do INSS, que pararam suas atividades em virtude da manifestação. Walber enfatiza a preocupação com as consequências da violação dos direitos trabalhistas, e convida a todos para uma união nessa luta desumana. “Todos os cidadãos trabalhadores, mulheres, agricultores, pessoas com deficiência, serão prejudicados, destituídos dos seus direitos, que ao longo do tempo foram conquistados na base da luta, e que estão ameaçados com a PEC totalmente voltada para o beneficiamento do patronato”. Walber cita ainda que existe o respaldo da Associação os Auditores Fiscais da Receita Federal, sobre a não existência do déficit da previdência nacional, anunciado pelo Governo Federal.
Walber Lins declara ainda que existe a dívida da iniciativa privada, que ultrapassa R$400 bilhões, o que seria um percentual equivalente para suprir esse débito que não deve ser pago pelo povo brasileiro. “Essa conta o trabalhador não paga, essa conta a mulher não paga, essa conta o agricultor não paga, essa conta a pessoa com deficiência não paga. Nós somos cidadãos brasileiros, nós somos servidores públicos municipais, nós estamos aqui na luta, por nenhum direito a menos”, conclui.
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