Tem crescido bastante, em todo país, grupos que se autodenominam, os “brasileiros decentes”, e que dizem representar as “pessoas de bem”. Isso é o que mais se tem lido e ouvido ultimamente. O interessante é que nem disfarçam, já que muitos são conhecidos e suas atitudes não são condizentes com o que tentam passar. Apresentam uma imensa indignação, porém, movida pelo ódio e não pela ética, são contrários aos corruptos e à corrupção; até ai, tudo bem, o problema é que são contra a corrupção dos outros, do lado oposto. Procuram legitimar a imagem de autênticos paladinos da moralidade, os perfeitos cidadãos cumpridores dos seus deveres e obrigações, os únicos pagadores de todo tipo de tributo (impostos, taxas, contribuição de melhorias e outros...), obedientes às normas de trânsito, cumpridores das Leis trabalhistas e contribuições sociais, respeitadores das filas de bancos, estacionamentos proibidos etc. Enfim, os verdadeiros seguidores das normas jurídica e moral.
Na verdade, o que se observa é que essa simulação desleal e imprudente, de parte desses personagens, que se apresentam como “concierges e guardiões” das boas ações e costumes, promotores das boas relações familiares, conservadores do patrimônio público ou privado, físico ou moral, incita e impulsiona as atitudes odiosas e agressivas, a intransigência, a fúria, a divisão...
Quem ousa pensar diferente é tachado de inimigo (opositor), que precisa ser eliminado por aqueles nomeados como donos da verdade absoluta. O risco maior é que eles buscam dividir o país entre quem ordena (a casta superior) e quem deve acatar (a casta inferior), nesse ponto, são desprezados os acontecimentos e fatos políticos, econômicos e sociais da realidade atual.
Portanto, está ai a situação posta. De um lado os notáveis, que têm a virtude padrão e a inspiração. Do outro, as pessoas contrárias às virtudes e à honra, ou seja, o bem versus o mal. Sendo assim, não devem frequentar e dividir os mesmos espaços geográficos. Tais como: aeroportos, universidades, clubes sociais, restaurantes, hotéis, entre outros.
Entretanto, uma pergunta não quer calar: quem instituiu tal qualidade a essa falange de impolutos superiores, protetores da sociedade, que se coloca acima dos seus semelhantes, decidindo quem tem utilidade e quem é inútil, sem serventia?
Diante do exposto, tornam-se explicitas e reveladoras, para todos nós, a insensatez e a insensibilidade do extrato social dominante (elite econômica e financeira). Ao ocultar-se o debate, a democracia fracassa e passa a valer o direito de constrangimento físico e moral do outro. Essa postura não é, nem de longe, diferenças e conflitos de ideias. Em resumo, isso é coisa de gente intolerante, de gente malvada.
Prof. Sérgio Rêgo - Pós Graduado em Geografia e Especialista em Capacitação Pedagógica
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