Coronel Nascimento assegurou tomar providências
Integrantes do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir) de Juazeiro estiveram na manhã deste sábado (11/02) com o comandante de policiamento da Regional Norte, Coronel da Polícia Militar Alfredo Nascimento e com o prefeito, Paulo Bomfim, para formular a denúncia do caso de violência policial ocorrido sexta-feira (10.2), no primeiro dia de Carnaval antecipado da cidade, com a família de Neide Tomaz, ex-presidente do Compir e servidora municipal.
Eles também encaminharam informações ao Blog Geraldo José e relataram o ocorrido: Por volta das 23h30 de 6ª feira, (10.2) Neide, acompanhada pelo marido e os filhos (3) assistiam ao Carnaval nas proximidades do Hotel Rio Sol e Papelaria Gutemberg, na rua 28 de setembro, quando viram policiais agredindo um jovem. Ao intervirem tentando interromper a violência, os PMs mudaram o alvo e passaram a agredir Neide e todos os seus familiares. Inclusive, seu marido, Edesio Antônio dos Santos foi detido e liberado depois da uma hora da madrugada deste sábado (11.2).
Diante da denúncia levada pelo Compir, o coronel Nascimento informou que ainda hoje dará novas instruções à tropa e recomendou que as vítimas também registrassem a queixa na Corregedoria da PM. Já Neide e familiares estiveram na Delegacia de Juazeiro e divulgaram o fato nas redes sociais.
Leia a mensagem que a servidora municipal Neide Tomaz publicou nas suas redes sociais:
“Qual o papel da polícia militar?
“Proteger os cidadãos, a sociedade e os bens públicos e privado. Colaborar com todos os segmentos da comunidade, gerando a sensação de segurança que a comunidade anseia.”
Porém, segundo pesquisas todo cidadão/ã brasileiro/brasileira já foi agredido pela polícia ou conhece alguém que já foi. Ontem, na abertura do carnaval de Juazeiro-Bahia, um fato corriqueiro estava acontecendo: um agrupamento da polícia militar da Rondesp conduzia um rapaz tirando-o do meio da multidão. Também de forma “corriqueira” começaram a espancar o rapaz violentamente com cacetadas, socos, chutes e pontapés. O que foi incomum foi a reação contrária das pessoas que presenciavam, inclusive minha família, que éramos naquele momento os mais próximos do acorrido. A isso se deveu uma reação de violência e agressões desproporcionais do agrupamento da polícia militar que investiu contra nós batendo com cassetetes, socos e pontapés. Mandava-nos calar a boca. Irados contra a solicitação pura e simples de que fizessem o que era o dever deles: encaminhar o detido para a polícia civil a fim de que fossem tomadas as providencias devidas. Não cabe a polícia julgar e condenar nenhum cidadão /cidadã.
Todos nós apanhamos. E apanhamos muito. Minha filha chegou a ser espancada covardemente depois de caída no chão, com um soco no rosto e uma tentativa de ter seu rosto pisado deliberadamente e com requinte de crueldade por um dos policiais. Tal ato só não foi concretizado graças ao meu filho que a protegeu.
Nós até aquele momento não estávamos dentro das estatísticas de agredidos por policiais. Diante de tudo, quero compartilhar minha indignação com todo que ocorreu. O que deu início a tudo que foi relatado? A não aceitação do espancamento de um jovem negro. Um cidadão negro. Que como tantos outros são espancados e mortos todos os dias neste país, sem que a justiça seja/esteja para eles e as oportunidades tampouco.
Prestamos queixa. Iremos fazer exame de corpo de delito. Procuraremos a corregedoria da polícia, buscaremos provas e testemunhas que estejam dispostas a depor.
Neide Tomaz, ex presidenta do Conselho Municipal de igualdade racial”
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