ARTIGO – “O BRASIL VAI SER DIFERENTE”

05 de Feb / 2017 às 23h00 | Espaço do Leitor

É impressionante a capacidade das pessoas em criar e postar nas redes sociais uma incrível variedade de estórias e deboches sobre os fatos do cotidiano, principalmente fazendo humor sobre a parte corrompida dos segmentos político e empresarial dos dias atuais, ou seja, aqueles que estão atravessando uma fase mais policial do que propriamente política, e de negócios corretos. Ainda que se vislumbre alguns sinais de leve riso por algumas criatividades, a reação mais comum na sociedade é de abatimento moral pela imagem achincalhada e desmoralizante que chafurda o perfil desses dois importantes setores da vida nacional.

Existem aqueles que se sentem muito incomodados por ver que as investigações perduram por mais tempo sobre determinados nomes, particularmente quando os envolvidos são da mesma corrente política, não raciocinando sobre a legitimidade daquela conhecida frase que diz: “onde há fumaça... há fogo”! Daí é que o aprofundamento rigoroso das apurações tem conduzido a descobertas antes impensáveis, como, por exemplo, levar à condição de prisioneiros um ex-governador de um importante Estado da Federação e um empresário brasileiro, destaque da Revista Forbes. Este último, que esnobava tanto o apelido de “7º. Mais Rico do Mundo”, tinha o hábito de dar a cada uma das seis empresas que integravam o seu “Grupo X”, um nome composto por três letras maiúsculas e um indefectível “X” sempre presente e, por ironia do destino, a obsessão se tornou em maldição e terminou levando-o ao Xadrez...! Triste desfecho para quem ficou bilionário em menos de dez anos, ao ponto de ter um veículo de luxo estacionado na sala da sua residência, o Lamborghini de 3,3 milhões de reais, como o troféu da ostentação e da luxúria! Enquanto isso, tantos e tantos amanhecem e anoitecem, dias e dias, sem ao menos ter um pão seco para comer!

O que deixou a própria população e os analistas estupefatos na última semana, foi a aparência tranquila do empresário Eike Batista quando estava para embarcar de volta no aeroporto de Nova York, dando entrevista e fazendo selfie com brasileiros que lá estavam. Mesmo sabendo que a Polícia Federal já o esperava no desembarque no Brasil, ainda assim teve o equilíbrio emocional para pronunciar duas frases bem contundentes e que devem servir de reflexão a todos os envolvidos, como ele, na bandidagem que aqui se instalou: “Está na hora de ajudar a passar as coisas a limpo [...] O Brasil que está nascendo agora vai ser diferente”.

Obviamente que essa declaração, que deixa certa dúvida quanto à seriedade de sentimentos ou se é um mero teatro sugerido pelos seus advogados, caso se torne realidade nos depoimentos já iniciados (ou delação futura), agora não mais para a Televisão mas para os juízes, produzirá inquietação e tremor a muitos prováveis envolvidos, os quais, talvez, serão capazes de dizer que nem se lembram de ter conhecido o preso em algum momento...! Como diz o grande escritor Augusto Cury: “O DINHEIRO COMPRA BAJULADORES, NÃO AMIGOS”.

A verdade que não pode ser desprezada é que, finalmente, há alguém com determinação para expurgar da vida pública deste país todas essas práticas indesejáveis, pugnando por construir uma nova sociedade, cujos dirigentes tenham um perfil de respeito e integridade. Que na avaliação e julgamento dos crimes ora investigados, os cidadãos brasileiros conscientes deixem de lado o radicalismo, e as paixões políticas, ideológicas e partidárias, para adotarem uma postura solidária e de incentivo a essa nova visão de que está nascendo um novo Brasil.

Não tenho dúvidas de que o processo investigativo em andamento alcançará, no seu devido tempo, todas as siglas partidárias e seus representantes denunciados, não importa o nível de suas imunidades. Somente a punição dos culpados compensará os prejuízos impostos ao povo brasileiro e uma completa varredura no País recuperará o respeito e o conceito perdidos perante o conjunto das Nações, tornando possível o retorno da confiança dos investidores internacionais nas potencialidades de nossa economia.

Quando todo esse processo chegar ao fim, diferentemente de aventureiros que construíram verdadeiros Castelos de Areia para apenas ganhar fácil, cujas provas até então estão trancadas, mas não vai demorar para tudo vir à tona, aí sim, poderemos dizer que algo está realmente acontecendo de diferente nesse País.

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).

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