A noite de 10 de dezembro de 2015 terminou de forma trágica na cidade de Petrolina. Nesse dia o Colégio Maria Auxiliadora, referência de ensino há décadas na região, realizava a festa de formatura de alunos do Ensino Médio.
Mais de 2 mil pessoas estavam nas dependências da escola. A menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, acompanhava a família naquele momento festivo quando desapareceu em meio ao público e foi encontrada morta com 42 facadas em uma sala de material esportivo desativada da instituição.
O crime chocou a população do Vale do São Francisco que durante um ano inteiro cobrou da Polícia Civil de Pernambuco o desfecho do caso. Várias foram as manifestações de familiares pedindo justiça nas cidades de Juazeiro e Petrolina. O caso também ganhou repercussão nacional e envolveu autoridades em nível federal. A comoção pelo assassinato de Beatriz também uniu vários seguidores nas redes sociais.
O Blog Geraldo José acompanhou e fez coberturas de todas as informações passadas pela polícia ao longo dos últimos 12 meses. Para lembrar a morte prematura de Beatriz, o Blog selecionou alguns principais dados divulgados pela polícia sobre as investigações.
Em 22 de fevereiro a Polícia Civil apresentou o retrato falado do suspeito de ter assassinado Beatriz. De acordo com o desenho, o homem seria moreno, com aproximadamente 70 quilos e medindo entre 1,65 e 1,70 metros de altura. Suspeitos de ser o homem do retrato falado chegaram a ser interrogados pela polícia, mas até o momento nenhuma pessoa foi presa.
No dia 29 de março o delegado de polícia Marceone Ferreira, responsável pelas investigações da morte da menina, revelou dados que comoveram a imprensa e a população do Vale. Segundo os trabalhos da polícia, Beatriz não teria sido morta no local em que foi encontrada, mas transportada para o depósito. O delegado chegou a apontar a participação de cinco personagens no crime, que não tiveram os nomes revelados, mas que eram funcionários da escola.
Ainda nessa coletiva a polícia explicou que os assassinos de Beatriz a escolheram de forma aleatória. “Foi abordada uma outra criança e Beatriz não foi induzida a descer ao bebedouro. Ela desceu porque a água dela acabou. Ela pediu a mãe. Foi questão de oportunidade”, disse, à época, Marceone Ferreira.
Após meses sem fazer qualquer anúncio sobre o andamento das investigações, no dia 8 de setembro a Polícia Civil, em coletiva, trouxe novas informações sobre o caso.
Na oportunidade o delegado Marceone e o perito Gilmário Lima revelaram que dois DNA´s diferentes, um na faca utilizada no crime e outro embaixo das unhas da mão direita de Beatriz, foram constatados e que a faca do crime teria sido usada pela primeira vez, já que foi encontrado silicone na ponta da faca. Outro dado importante sobre a faca usada no crime foi que o DNA encontrado no objeto teria 99.9% de certeza de ser do suspeito.
A polícia, nessa data, divulgou imagens do suspeito de assassinar Beatriz nos arredores da escola, transitando pelas ruas que dão acesso à quadra do colégio. Nas imagens, o suspeito entrava no colégio no momento em que tinham muitas pessoas na porta e muitos pais e estudantes já deixando a festa.
A reportagem do Blog Geraldo José tentou contato com o delegado Marceone Ferreira na tentativa de colher novos detalhes sobre a morte de Beatriz que completa um ano neste sábado (10). No entanto, o delegado disse que não iria se pronunciar sobre o caso. Procuramos a Assessoria de Imprensa da Polícia Civil de Pernambuco e também não obtivemos resposta.
Os pais de Beatriz, o professor Sandro Robério e Lucinha Mota, atenderam a redação do Blog Geraldo José.
Emocionado, Sandro afirmou que o ano de 2016 não existiu para a sua família que hoje depende de tratamentos psicológicos para tentar amenizar a dor da perda de Beatriz. “Esse ano basicamente para nós não aconteceu. Nós ficamos parados naquele dia 10 de dezembro. É uma situação difícil. Nossa família está tendo apoio de psicólogos e psiquiatras, sempre a base de medicamentos. Não podemos trabalhar, a nossa casa tivemos que sair porque nos trazia muitas lembranças. É muito traumatizante, é uma situação complicada e eu não desejo a ninguém passar por uma situação como esta”, afirmou o pai de Beatriz.
A mãe Lucinha ressaltou ao Blog que a família e os amigos de Beatriz irão continuar na luta pela resolução do crime. “É muito difícil conviver com essa dor, mas Deus está me levantando e nós estamos buscando todas as formas para que a justiça seja feita. Nós vamos continuar lutando. Vamos buscar todos os meios possíveis. A Justiça é de Deus e ele ama a Justiça. É nossa obrigação fazer com que isso aconteça”.
Lucinha afirmou ainda que o caso ainda não foi solucionado devido à falta de estrutura da Polícia Civil de Pernambuco. “A falta de elucidação do caso se deve a falta de investimento, a falta de estrutura na delegacia, no IML, falta de qualificação técnica com os profissionais. Mas tudo que foi apresentado pelo Dr. Marceone e o perito Gilmário nós compartilhamos e peço a todas as pessoas que também compartilhem para que o criminoso seja preso”, desabafou.
O Blog também solicitou ao Colégio Maria Auxiliadora um posicionamento sobre da entidade sobre o caso. Por meio de nota a assessoria do estabelelcimento de ensino prestou os seguintes esclarecimentos:
Blog-Qual o sentimento da escola, direção, professores, em ver que se chegou a um ano da morte da menina e caso continua sem solução?
R-O sentimento da Escola é o mesmo que povoa o coração de todos que acompanham e se sensibilizaram com o caso: desejo de justiça. Toda a congregação Salesiana está imbuída na esperança de que o caso será elucidado e paira a indignação por ainda não ter sido encontrado o responsável, ou responsáveis, por este crime bárbaro.
Blog -Nesses 12 meses como a escola tem contribuído com as investigações da Polícia?
R-Atendendo prontamente todas as solicitações das autoridades, disponibilizando materiais, gravações e toda e qualquer informação que possa contribuir com os responsáveis pela investigação. Acompanhando e disponibilizando funcionários, professores e corpo diretivo para prestar depoimentos. A escola acionou o serviço de disque denuncia logo após o crime e provocou diversos encontros com instâncias como Ministério Público, governo do estado e até mesmo a Prefeitura. A escola investiu – e continua investindo- todos seus esforços para contribuir com as autoridades.
Blog-O que mudou na rotina da escola após a morte de Beatriz?
R-Foi ampliado o sistema de monitoramento por câmera. Reforçado a equipe de vigilância e segurança. Implantando o sistema de biometria para acesso as instalações da escola e adotadas algumas medidas internas de segurança.
Blog-A escola ainda continua com a área do crime isolada, já que funcionou normalmente durante todo o ano? A direção acha que o funcionamento normal da escola durante o ano pode ter influenciado na cena do crime?
R-A escola está seguindo rigorosamente todas as determinações das autoridades responsáveis pela investigação e a área onde o fato aconteceu apenas será reutilizada após autorização das mesmas. As áreas que estão sendo utilizadas pelo colégio, para cumprimentos das atividades acadêmicas, não foram interditadas pela polícia ou MP, portanto, não há relação com a cena do crime.
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