Análise da conjuntura política do país e da educação do campo marcam abertura do SIECS

18 de Nov / 2016 às 17h00 | Variadas

O Seminário Interterritorial de Educação do Campo no Semiárido (Siecs) teve início na noite desta quinta-feira (17) com a participação de mais de 250 pessoas que ocuparam o auditório do Instituto Federal da Bahia (Ifba) – Campus Juazeiro.

Com o tema "Terra, trabalho e educação", o evento tem por objetivo debater diversas temáticas ligadas a educação contextualizada ao Semiárido brasileiro, com foco na educação do campo. A mesa de abertura trouxe um debate conjuntural, tanto do ponto de vista da política brasileira atual quanto da realidade sócio-cultural do Semiárido, sem deixar de pautar os avanços e retrocessos no campo da educação.

Após a mesa de saudação composta por várias organizações convidadas, os/a debatedores/a trouxeram contribuições para o seminário que segue até sábado (19). Roberto Malvezzi (Gogó) fez uma memória do processo de mudança nas comunidades rurais do Semiárido, partindo da análise dos principais avanços no campo da educação, chegando a pontuar a mudança de mentalidade das pessoas, conquistada a partir da educação popular. Para ele, mesmo diante de um cenário de retrocessos na política brasileira, essa nova mentalidade, ou seja, a compreensão acerca da viabilidade do Semiárido, não irá se perder, uma vez que aconteceu uma quebra de paradigma, tendo ganhado espaço o paradigma da Convivência com o Semiárido.

A educadora Rubineuza Leandro, pontuou algumas políticas educacionais voltadas para o campo, implementadas nas últimas décadas, a exemplo do Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), criação de cursos, regulamentações. A educadora, porém, ressalta que os movimentos sociais foram deixados de lado no que diz respeito à coordenação e/ou tomada de decisão com relação a tais políticas, o que se considera um prejuízo à educação do campo que, neste cenário de golpe no Brasil, tende a se precarizar ainda mais.

Por fim, João Pedro Stédile levantou aspectos do chamado golpe institucional, jurídico e midiático que destituiu do cargo a presidenta Dilma Rousseff no mês de agosto deste ano. Para Stédile, o golpe se resume a uma tentativa de salvar o capital, porém revela uma burguesia dividida entre o interesse nas taxas de lucros e a busca pelo poder dos partidos de direita. Citando o filósofo marxista Antônio Gramsci, João Pedro destaca a importância da classe trabalhadora disputar os espaços políticos espalhados por toda parte – desde as Câmara Legislativas e prefeituras até o Diretório Central dos/das Estudantes, associações, etc.

Na programação do seminário haverá outras mesas de prosa, rodas de conversas, tendas, feira de saberes e sabores, apresentação de trabalhos, apresentações de grupos culturais regionais, além de místicas e do lançamento do filme "Uma aventura no Semiárido", previsto para a noite desta sexta-feira (18).

O SIECS é organizado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa); Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São Francisco – BA; Fórum Territorial de Educação do Piemonte Norte de Itapicuru; IF Sertão – PE; Universidade do Estado da Bahia (Uneb); Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf); Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Núcleo de Pesquisa e Extensão em Desenvolvimento Territorial (Nedet); Rede de Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semiárido (Refaisa); Secretaria Municipal de Educação de Conceição do Coité e Grupo de Agroecologia Umbuzeiro (Gau).

Ascom/IRPAA

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