O governador Rui Costa, juntamente com o secretário de Cultura do Estado, Jorge Portugal, assinou, na manhã desta quinta-feira (3), no Palácio Rio Branco, em Salvador, o Termo de Acordo e Compromisso (TAC) dos Editais Setoriais 2016, que contam com um investimento de mais de R$ 30 milhões, proveniente do Fundo de Cultura da Bahia. Do total de 3.265 projetos culturais inscritos, 372 foram aprovados na etapa de análise de mérito. O destaque do ano foi o volume de recursos direcionado ao Audiovisual, que chegou a R$ 14,5 milhões, incluindo outras fontes de financiamento captadas pelo governo.
De acordo com o governador, o convênio significa um ato importante para a vida e os valores da Bahia. “É um ato de afirmação da cultura, de forma transparente e democrática, já que nenhum governo ou governante interfere na escolha dos projetos selecionados que receberão financiamento público. Fico contente em saber que conseguimos contemplar projetos dos quatro cantos do estado”, revelou Rui.
Foram selecionados projetos culturais dos 27 territórios de identidade da Bahia, distribuídos entre o Médio Sudoeste, que teve a maior quantidade de propostas aprovadas no comparativo por território (27,8%), além de regiões como o Setor Produtivo do Sertão, Velho Chico, Semiárido Nordeste II e Região Metropolitana de Salvador. O secretário de Cultura Jorge Portugal ressaltou que o estado estará representado pela sua criatividade em todos os cantos, em todos os territórios. “Não foi uma coisa concentrada apenas em Salvador e Região Metropolitana”, destacou.
Editais
Com 23 segmentos artístico-culturais contemplados, os Editais Setoriais já representam a maior ferramenta de fomento cultural da história da Bahia. A seleção foi iniciada em julho e recebeu 3.265 propostas, das quais 2.690 atendiam aos critérios estabelecidos e, destas, 372 foram selecionados por comissões específicas que envolveram o trabalho de 173 pessoas. A lista com os projetos aprovados foi divulgada no dia 29 de setembro e está disponível no site da Secult.
“Quero cumprimentar os artistas e os produtores que, a partir de hoje, começam a tocar seus projetos, e parabenizar as equipes da Secult e da Sefaz, que conseguiram manter o melhor fluxo de execução desde que o Fundo foi criado. Isso mostra a nossa determinação e nosso trabalho diário para que possamos usar melhor os recursos públicos. Consideramos estruturantes as políticas e ações na área da cultura”, afirmou Rui Costa.
Nesta edição do convênio, os setores de Capoeira e Leitura receberam verbas específicas, R$ 500 mil e R$ 200 mil, respectivamente. Capoeira teve 13 dos 106 inscritos aprovados e Leitura 11 das 55 propostas avaliadas. Outro destaque foi o edital de Cultura Popular – Versão Simplificada, considerado um marco nas políticas públicas por permitir que os proponentes possam descrever o seu projeto em áudio e vídeo. O segmento de Música concentrou o maior número de inscritos (401), sendo 15 selecionados com o investimento de R$ 1,5 milhão.
Projetos
Um dos projetos selecionados foi o do bando de Teatro Olodum, que terá a possibilidade de levar o espetáculo Ó Paió para circular pelo interior (Cachoeira, Santo Amaro e Feira de Santana) e formar novos públicos. Proponente do projeto, a atriz e produtora Valdineia Soriano disse que o grupo teatral está muito feliz por ter sido contemplado e que há algum tempo o Bando deseja levar a peça para outras cidades. “É um espetáculo que ganhou muita visibilidade após ter ido para o cinema e a TV. Que as pessoas do interior também sejam presenteadas com a versão teatral, que inspirou tudo isso”.
Na opinião do jornalista e produtor de audiovisual Eduardo Machado, o aumento do volume de recursos para produções audiovisuais é um importante incentivo para o setor na Bahia. “Ter produções audiovisuais que retratem e empoderem a identidade negra é de extrema importância”. Machado é proponente e parceiro do Coletivo Tela Preta, composto por cineastas negros e negras, que teve o projeto Travessia Negra selecionado pelos Editais Setoriais deste ano. “Trata-se de uma mostra de cineastas afrodescendentes. Entre os meses de maio e setembro de 2017 serão exibidos dez filmes com temática afrodescendente no Centro Cultural Plataforma, no Subúrbio Ferroviário de Salvador".
Um dos projetos de capoeira que foram contemplados, de forma inédita, é o do Grupo Malta da Serra, sediado no município de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). A Contramestre e proponente do projeto, Maria Luisa Pimenta, explicou que será desenvolvido um livro que conta a história da capoeira em forma de poesia cordelista. “O livro será ilustrado por crianças que praticam capoeira em três locais diferentes, não só do meu grupo. É um livro de história que vai sair de forma criativa. Serão oito meses de aulas e oficinas”, explicou Maria Luisa.
Fundo de Cultura
Criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de Cultura do Estado da Bahia é gerido pelas Secretarias da Cultura e da Fazenda. O mecanismo custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente culturais de iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado. Está estruturado em quatro linhas de apoio, modelo de referência para outros estados da federação – Ações Continuadas de Instituições Culturais sem fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizados; Mobilidade Artística e Cultural e Editais Setoriais.
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