Em vários momentos, a curta campanha eleitoral municipal deste ano foi um “aperitivo” para a disputa do maior cargo do estado, o de governador, que se realiza daqui a dois anos. As duas principais lideranças políticas da Bahia, o prefeito ACM Neto (DEM), que concorreu à reeleição em Salvador, e o governador Rui Costa (PT), compararam suas gestões na propaganda do horário eleitoral e trocaram farpas sobre pontos fracos e fortes dos seus governos. A disputa se estendeu aos municípios do interior, porque Neto participou de vários eventos de candidatos dos partidos que o apoiam, para se contrapor aos candidatos da base do governador Rui Costa.
A própria eleição de prefeito em Vitória da Conquista, único município onde será realizado segundo turno, é novamente uma disputa de um candidato – Herzem Gusmão (PMDB) – que representa o grupo de Neto contra um nome apoiado por Rui – Zé Raimundo (PT).
No primeiro turno, o DEM ampliou muito o número de prefeitos eleitos: saiu dos nove em 2012 para 34 este ano. O PT seguiu trajetória contrária e caiu de 93 eleitos em 2012 para 39 em 2016. Contudo, a soma dos prefeitos eleitos em partidos da base do governador é majoritária em relação aos da oposição. Isso tudo forma o caldo da sopa eleitoral de 2018, que já está no fogo desde já. Mas, embora os mecanismos estejam em movimento nos bastidores para a eleição de governador, poucos falam abertamente sobre a futura disputa, inclusive porque as incertezas da política nacional impossibilitam planejamentos ou previsões a médio e longo prazos. Nas vezes em que foi provocado sobre uma eventual candidatura para governador, o prefeito Neto fugiu do assunto e até se irritou com o tema.
Chegou a dizer que foi o governador que resolveu elegê-lo como adversário em uma eleição sobre a qual ainda não está pensando. O presidente do DEM-BA, deputado José Carlos Aleluia, também mantém o tom cauteloso. Insiste que, passada a eleição municipal, “o tempo é de governar, ajudar os prefeitos a realizarem boas administrações”. Para ele, os eleitores teriam mostrado que não votam tomando por base “discursos de marketing”, mas pelas realizações dos gestores.
“Por isso Neto foi reeleito em Salvador e Zé Ronaldo em Feira de Santana”. Se o assunto “2018” não seria prioridade para o DEM, Aleluia admite que uma forma de fazer campanha neste momento seria os prefeitos do partido e aliados fazerem boas administrações.
“Vamos mostrar competência. Na campanha de Herzem Gusmão, em Conquista, que consideramos nossa campanha por ser de um aliado, estamos mostrando a expertise do DEM em cidades como Salvador e Feira. Essa aliança DEM/PMDB/PSDB que começou em 2012, se consolidou e dará muitos frutos na Bahia”.
Fator Lula
Aliado de primeira hora de Rui Costa, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo (PSL), disse que, para ele, a questão da eleição de 2018 é “assunto liquidado: existem dois candidatos a governador, Rui Costa e ACM Neto”.
Acredita que há um vetor importante a ser considerado: Lula será candidato a presidente ou não? “Se Lula for candidato, Rui melhora muito as suas chances”, avalia, de posse de pesquisas internas do DataNilo que colocam o ex-presidente como favorito na Bahia.
“Ele tem de 50% a 60% de apoio no estado”, diz. Quanto à disputa Rui x Neto, conta que a diferença entre os dois a favor de Neto é de “menos de 10%” em Salvador. “Mas os partidos da base de Rui elegeram 287 prefeitos, e mais 30 da oposição já estão conversando para entrar na base do governador”.
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