Além de ter malas prontas, de acordo com a coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, Eduardo Cunha (PMDB) já havia conversado com pessoas próximas sobre a expectativa de ser preso. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, Cunha foi informado de que era alvo de um pedido de prisão pouco antes das 13h desta quarta (19). Ele disse aos advogados que iria se entregar e já se preparava-se para ir à sede da Polícia Federal em Brasília. Não deu tempo de se deslocar, já que os agentes já estavam na garagem de seu prédio quando decidiu sair. Após ter renunciado à presidência e ter seu mandato cassado em setembro, ele se dedicava a duas tarefas: sua defesa na Justiça e um livro que prepara sobre o processo do impeachment de Dilma Rousseff e a crise política. Aliados afirmam que Cunha será autor e protagonista da obra, que será uma espécie de “delação informal”.
Ele estava escrevendo “enlouquecidamente”. Cunha já havia afirmado à Folha que já tinha mais de cem páginas prontas e que buscava um profissional para ajudar na formatação do texto. Para o livro, vinha levantando agendas antigas de compromissos públicos e privados e verificando todas as doações que capitaneou para o PMDB – o levantamento estava sendo feito pelo corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, que acabou sendo preso em julho. O PT também foi alvo do pente fino. "O PT cobrava até comissão das doações. Repassava 95% [para os candidatos] e ficava com 5%. É só você olhar as entradas e saídas", disse à Folha ainda em setembro. Ele confirmou que fez pessoalmente a análise. "A gente tem sempre a curiosidade para ver o financiamento dos partidos. Montante e origem. É informação. Faço para os meus argumentos". Aliados afirmam que as informações seriam usadas no livro ou em uma possível delação premiada – a segunda opção se tornou mais provável com a prisão.
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