Sempre que uma tragédia ocorre pelo mundo, fruto de uma manifestação rebelde da natureza através dos terremotos, vulcões, furacões e tsunamis, os quais são portadores de destruição de cidades, dor e morte a milhares de pessoas, naturalmente que o sentimento de humanidade e solidariedade inerente à formação do brasileiro está sempre presente e se expressa de todas as formas. Mas, em paralelo à consternação geral, um outro espírito surge do íntimo de cada um revelando orgulho e felicidade, pelo fato de que “graças a Deus no Brasil não acontece isso”!
É verdade que até os dias atuais o Brasil tem sido um território de certa forma privilegiado, porque não há registros de catástrofes de grande dimensão, embora de vez em quando ondas mais fortes e violentas, além de chuvas de grande intensidade, tem trazido consequências e prejuízos em certas regiões brasileiras. Obviamente sem qualquer semelhança aos terremotos e tsunamis que nos últimos tempos atingiram a Ásia, Indonésia, Japão e a América do Norte (Nova Orleans, Luisiana-EUA).
A presente questão objeto do tema, contudo, por mais que tenha surpreendido o leitor, não se prende à explosão dos incontroláveis fenômenos naturais, mas o estabelecimento de uma comparação, por analogia, com as terríveis e criminosas ações delituosas produzidas aos montes por condutas inadequadas e irresponsáveis, daqueles brasileiros que tem a obrigação constitucional de serem os gestores das instituições no âmbito Federal, Estadual e Municipal, muito bem remunerados por sinal. Ao longo da nossa história são muitas as centenas de vergonhosos escândalos, reprováveis sob todos os aspectos. O que assusta o brasileiro empregado, desempregado e aposentado, é a avalanche dos tsunamis de escândalos da atualidade que não derrubam casas, povoados e cidades como os naturais, mas pouco a pouco vem jogando uma Nação por terra, destruindo empresas, solapando as estruturas de uma economia que vinha relativamente bem e espalhando para o mundo um angustiante e vergonhoso conceito de que “no Brasil todo político rouba...”!
Os Tsunamis naturais destruidores são cíclicos, os nossos escândalos artificiais com o mesmo efeito avassalador, são semanais. Nos últimos tempos, só para citar os mais expressivos: Operação Anaconda, Mensalão, Mensalão Mineiro, Sanguessugas/Escândalo das Ambulâncias, Caso Luís Estêvão, Operação Satiagraha, Escândalo dos Correios, Caso Erenice Guerra, Operação Zelotes, Operação Lava-jato (Petrolão), impeachment da Presidente e Cassação do Presidente da Câmara, o que significa dizer que as coisas estão se afunilando para um desfecho muito mais complexo e impactante para a vida nacional.
Como se não bastasse todo esse elenco de fatos concretos que enoja o cidadão brasileiro, algumas lideranças do primeiro escalão da República podiam acionar o “mancômetro” pessoal de cada um e se pouparem do vexame de comparecerem a certos atos públicos, uma vez que carregam sobre os ombros graves acusações, processos de corrupção no próprio STF ou são citados nas delações. Assim, na posse da Ministra Carmen Lúcia, na Presidência do STF, em ato dos mais solenes, convidados como Renan Calheiros, Edison Lobão, Lula, Aécio Neves, Michel Temer e outros mais, seriam poupados de ouvir recados duros, como o passado pelo Decano do Tribunal, Ministro Celso de Melo, em seu discurso, quando afirmou: [...] que deste tribunal parta a advertência severa e impessoal de que aqueles que transgredirem tais mandamentos expor-se-ão sem prejuízo de outros tipos de responsabilização; [...] marginais da República que tem o efeito deletério de subverter a dignidade da função política e da própria atividade governamental; [...] devendo ser punidos exemplarmente na forma da lei esses infiéis da causa pública, esses indignos do poder" (negrito do autor).
Isso me faz lembrar de alunos traquinos, rebeldes e com graves desvios de comportamento, chamados à secretaria da escola para serem disciplinados pela Diretor...! Foi um enquadramento solene e público, que deve ter tido o efeito de um tsunami psicológico, para quem tem vergonha! Daí, do conjunto de todas essas peripécias negativas, cabe a pergunta: estamos ou não, diante de uma versão de TSUNAMI À BRASILEIRA, provocado pela natureza gananciosa da ladroagem...?
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
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