Me pediu que avisasse. E dissesse : Inté sairei num vestido de rendas comprado à altura no calçadão da Benjamin Constant . Perfume escolhido de primeira a seu gosto, joiada, erotizada, a mais desejada eleitora de Juazeiro. Nesse dia nenhuma dandoca filha da mãe e daquela a usurparia em ser a linda garota, não de Ipanema e sim do Angary, insofismável, escrota e acariciada Rainha Elizabete do Brasil e da Juá dos campos de cá.
Criolagem, loiragem, João Doido, Neto, Mundinho, João Sereno, Boneco, amigo Seu Né, leitor danado, não é nem vai ser mole isso não. TONHA VAI VOTAR, SIM! ORA BOLAS... Imagine, pois, depois de super elogiada por um professor aloprado que a sussurou num dos ouvidos, no outro fez boas cosquinhas, de que era uma tal de Leila Diniz que o gênio Glauber Rocha profetizou em DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL?
Seria Santa Maria dos Doces ou Santa Madalena dos Sais? Tanto faz como tanto fez, brother. Juro igual juros dos judeus que são belas junções das duas. Se há algo infinito entre pedras e peles é essa Tonha, a medonha.
O único dia em que Tonha se alvoroçava a sair do seu buteco, o famoso “BURACO DA TONHA”, num bairrinho periférico (Já que juazeirenses metidinhos e políticos escovadinhos têm vergonha, ô alcórva, de conseguem dizer a palavra favela, subúrbio, fim do mundo, existente ainda na tupiniquim cidade que agora, felizmente, está visivelmente mudando), era para o sufrágio universal do voto. Pense num patriotismo, leitor cidadão, de correr esquinas e ruas até a urna se rebolando, assobiando patriotando, rodando a saia rodada e sendo uma senhora agente mundana, mundançavel.
Queria mais sempre mudanças e das boas. Engraçado que nasceu, herdou, fincou pé e nunca se mudou nem de quarto e de amigos. Santa Tonha. Mas, na política, ouvida pelos radinhos, lava a alma e solta os cachorros, gatos e serpentes entabulados em si.Vira fera ferida se escutar falar em votos a burgueses, elites, reaças, golpistas e coxinhas A única coisa de seu coisado que a preocupa: O VOTO PARA QUE O BRASIL E JUAZEIRO DÊEM CERTO!
Uma história de Tonha que hás de permitir de contar ligeiro, leitor. Se preocupes não. Já, já, jazinho, chego ao fim e aí pode ir ao banheiro. Rárára´. Tonha me confidenciou antes que escrevesse essa mundesca, exonerável, achicalhável, belezável, odiável e amável crônica, que Deus (Creda que era de ajoelhar-se antes de servir o primeiro “Adeus , Mamãe” do dia e rezar pelos bebuns clientes) a abençoou desde a nascença com uma bela doença: Atarexia.Nas suas suburbanas e coloquiais palavras, era uma doença de não sofrer nunca de preocupação.
Isso a livraria eternamente de preocupar-se com quaisquer coisas de algo. Understwood, leitor? Qual nada. Chegam as pestes das eleições e a doença foge, deixando Tonha a preocupar-se com o futuro da nação e da cidade de Juazeiro. Tonha prega no seu “BOTECO DA TONHA” e de forma medonha, o voto a quem merece, a quem não é safado, enrolão, anti-povo. Ela me disse: Professor, peço perdão ao bom Deus pelo presente da Atarexia, porém-entretanto-no entanto, vou fazer campanha e me preocupar com os mais humildes, carentes. Lula num fez assim? Jesus num fez assim? Um foi sacrificado. Otonce, lutemos para o que, ainda vivo, não vá à cruz empurrado pelos algozes da indecência escrupulosa golpista.
TONHA VAI VOTAR, SIM! ORA BOLAS...
Tonha...mas quem é Tonha?
Ah, meu rei e rainha, Tonha é Tonha. Mais que votante e votadora, como se apregoa, É A TONHA DO “ NO BURACO DA TONHA”. Pois, é lá que se acha Tonha e quando lhe perguntam a idade diz solasticamente e piscando os oinhos: Tenho sim um pouco antes dos 50 OU 60 e um pouco mais dos 50 ou 60. E se insistem, nem titubeia: Tenho a idade de saber viver, sofrer, alegrar, sem a mínima vontade de morrer, papapá, papapá, encerra o assunto. Para ela, o simples era ver em seu buteco “O BURACO DA TONHA”, a reinante paz, a amizade, o aconchego, o cheiro, a cachaça com tripa e a relíquia da casa que é a raizada batizada pelos seus tataravós de “ Adeus, Mamãe”. Muito bem absorvida aos gargalos e engasgos pelos amigos e vulnerável clientela. Tonha, hoje administradora, como orgulhosamente se preza, de ter herdado o estabelecimento cultural mitológico do pai, do avô, do bisavô, do... e infinitos da família de sobrenome Tonha de Sei Lá o Quê e vá... Isso ela vociferava se perguntada as suas antecedências.
Tonha é uma viagem... Quer adentrar nessa estrada, leitor? Otonce aperte os cintos...
Nunca sai do seu “ in loco” e com razão, por viver feliz nele e que não se queira saber o motivo. Afinal, tem que ter tal isso para ser feliz? O motivo pode ser o seu próprio eu...
Fernando Mendes, Reginaldo Rossi, Waldik Soriano, Gonzagão, Nelson Gonçalves e, imagine só agora, Ivetinha (Assim se referia , por tê-la vista no colo do velho Sangalo nas antrolas) e Welsinho Sacanão (Assim erotizava), são as vozes e danças dela nas preferências às escondidas. Essas maneiras de Tonha a deixavam a céu e coração aberto para votar. Bradava: nunca perco o meu voto! O meu voto é batata! O meu voto é tampa de crusch!
E com isso e a cachaça “ Adeus , Mamãe”, as tripas de bixiga lixa que vendia, a sua alegria, eis que arrebanhava votos e mais votos. Acha-se uma caba eleitoral. Das mais. Caba de guerra. É mole ou quer molho, leitor sorridente?
Tonha, vai votar e me disse, leitor: NO MELHOR, NO MAIS CAPAZ, NO COMPANHEIRO HONESTO, NO QUE NÃO TRAI, NO QUE MAIS FEZ PELOS POBRES, DESCAMISADOS, EXCLUIÍDOS SOCIALMENTE, SEM TETOS, SEM AMPAROS DA SAÚDE...e assim descambou quase entre prantos. Emocionado, intrometi-me no meio da prosa a curiosar em quem votaria de tão bem vestida. De sopapo, tomei até um susto daqueles pela resposta seca e voraz:
LULA!
Caí-me de preocupação. Afinal, leitor tomém preocupado ... Lula? Insisti e levantei a questão de ordem: Tonha, Tonha, Lula não é candidato...deverá ser em 2018 se os desaMOROsos deixarem e não sacanearem. De pronto, mais uma surpresa: Voto nele e pronto e ninguém nessa vida me tira esse direito.O voto é meu.
Me embaracei todo...E agora, Zé Pondé?
Pois bem, leitor que está louquinho pelo desfecho do entrevero, sentei-me com ela, a bendita linda, até persuadi-lha (Palavrinha da peste oeste essa, pô.) por alhos e bugalhos que tínhamos candidato e que ele não é propriamente Lula, mas, é um cagado e cuspido Lula de carteirinha, ideologia, humano e que toma uma cachacinha igual ele ,gosta de Chico Buarque igual a ele e cuida do povo tal ele. Pra que eu disse isso, tremi na base e esperei o bofete:
PROFESSOR, SÊ PENSA QUE SÔ BESTA! DEVEM TER ALGUNS LULAS BEM INTENCIONADOS EM JUAZEIRO, INDEPENDENTE DE PARTIDOS OU IDEOLOGIA. SEI QUE TEM. AFINAL, PROFESSOR, ELA ME COCHICHOU, DEMOCRACIA NUM É SER ISSO?
ME LEVA PRA VOTAR NESSES, ME LEVA?
De quebra ...
Viu que viu, leitor aprumado e estrumado, pessoas simples pensam e podem estar a anos-luz adiante de nós, supostos eleitores que se acham metidos a bestas e sabidos? Viu? Se ligue, brother, inté conhecermos, como eu tive o prazer, uma Tonha. Juazeiro está entupido de Tonhas. Dessas guerreiras que não se vendem e nem se empolgam com falácias e embromácias dos tapins nas costas ou pela mídia marrom, preta, cinzenta. Gostam de músicas por que são músicas, gostam de farras por que são farras, gostam do trabalho por que são trabalhos, gostam de votar e votar ao jeitinho delas, sem arruelas, certas, objetivas, esperançosas e com amor democrático.
Às Tonhas, um muitíssimo obrigado,e que nos sirvam de lição para um dia termos mais delas e quem sabe inté sermos uma delas.
De quebra lhes dou, eu a Tonha de “NO BURACO DA TONHA”, uma cachacinha “ Adeus, Mamãe” com tripa...Mas, só isso seu inxirido e num se afoite, não aluvião!
VIVA A DEMOCRACIA ! E TONHOS...POR QUE NÃO?
Otoniel Gondim --- Professor, Escritor, Compositor.
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