Moradores do município de Sento Sé, norte da Bahia, denunciam o fechamento Hospital e Maternidade Dr. Heitor de Sento Sé (BA), por falta de médico. Além da deficiência na estrutura, equipamento, remédios e funcionários com salários atrasados. Os profissionais que estavam na unidade de plantão não desejam se identificar, por medo de represália. “Os médicos estão faltando por falta de pagamento e salários atrasados”. “Nós estamos trabalhando com cara e a coragem, não temos o mínimo de equipamento de segurança para trabalhar. Peço desculpa aos pacientes por muitas vezes. Nós funcionários e os pacientes tomamos água direto da torneira, sem tratamento algum. Falta tudo”, finalizou.
Segundo Maria, que trabalha na saúde do município há quase dez anos. “Nunca vi tanto descaso, falta tudo. Quando tem uma coisa, falta outra. No posto que trabalho sempre falta material de limpeza, equipamento de segurança. O pessoal da limpeza, trabalha sem proteção, não tem luva, bota, mascara, falta até saco de lixo (...) Não tem medicamento, falta remédio de pressão e diabetes”, ressalta.
“Os profissionais ficam com o salário atrasado por mais de um mês, trabalham como se fosse fazendo um favor e quando recebem salário as contas estão todas atrasadas. No hospital falta até algodão, gazes, material de curativo, seringa, e outras medicações básicas. Essa semana mesmo, os dentistas não atenderam por falta material odontológico, como anestesia, luva e máscara”, afirma.
Normalmente os doentes são encaminhados para Juazeiro (BA), Sobradinho, Remanso e Petrolina (PE). O hospital está com equipamentos defasados a exemplo da máquina de raio X, sem qualidade na imagem, com isso não dá para identificar o problema do Paciente. Outra carência da Unidade Hospitalar é equipamento de reanimação - desfibrilador.
Heliane Santos é dona de casa e conta como foi dar à luz ao seu filho na unidade. "Os profissionais são ótimos, só que na questão de gestão está em falta. Falta lençol limpo, usei rasgado e sujo. A refeição deixa muito a desejar, só tive direito a uma refeição no primeiro dia e bem rala, sem colher descartável para comer. Os banheiros estão sem porta, os quartos com muito mofo, goteira, cama enferrujada e até com apoio para ficar reta. Os funcionários atendem pedindo desculpa pelas péssimas condições do hospital ", concluiu.
Luciana Almeida Ribeiro, Técnica de enfermagem, está revoltada com as condições da saúde no município. “A realidade da saúde do nosso município é mais grave do que imaginamos, falta profissionais para trabalhar em todos os setores tanto na urgência como na prevenção. Temos um número muito grande de adolescentes gestantes que tem muitas doenças sexualmente transmissíveis, e consequentemente as crianças nascem com algum problema”, desabafou.
“Atualmente trabalho na sala de vacina, não temos carros disponível para trabalhar no interior, muita criança não tem acesso a vacina. Temos um número pequeno de agentes de endemias, onde há muitos casos de doenças transmitida por mosquito através de água parada, animais domésticos e barbeiros, muitos casos de hepatite nas escolas principalmente por falta de um banheiro adequado, muitas crianças com problemas de aprendizagem por falta de alimentação como merenda escolar, as crianças não têm como acompanhar com fome”, exaltou.
Luciana Almeida destaca que falta médico sempre, “no hospital os médicos abandonam o plantão por falta de pagamento. Os profissionais que trabalham no regime plantonista reclamam da alimentação porque não é suficiente para todos. Os profissionais de limpeza que trabalham a noite dormem em depósito, sem nem um conforto”, finalizou.
Tâmara Tárcia
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