Passado o período apoteótico das Olimpíadas 2016, somente merece aplauso à cidade do Rio de Janeiro e aos organizadores do evento, pela competência com que honraram o país, e resgataram um novo conceito de respeito perante o mundo que nos olhava desconfiado diante da corrupção que campeia e da violência que se alastra no país. As palavras dos atletas e turistas foram de ufanismo e evidente nostalgia por ter de deixar o Brasil ao final da festa Olímpica. A todos quantos assistiram pela televisão às apresentações da abertura e encerramento, as reações eram de emoção pela criatividade dos shows artísticos e de fogos, e pela exaltação da mais fina música brasileira, além da utilização privilegiada dos nossos artistas em todas as etapas dos festejos.
Superada a fase da exuberância e do encantamento, contudo, volta o país a conviver com a triste realidade nacional de convulsão e instabilidade política. Estamos às portas de uma decisão de grande impacto, com o possível impeachment da Presidente da República, o qual, conquanto seja o anseio de grande parte da população, se concretizado, não trará a paz política pretendida ao país, bem como a volta ao desejado ritmo de trabalho, produção e crescimento. Não se recupera a desacreditada economia de um país da noite para o dia, em que empresas comerciais e industriais estão fechando as suas portas, mais de 11,5 milhões de trabalhadores estão desempregados e há visível fuga dos investidores pela falta de confiança nas instituições nacionais.
Se fosse verdadeiro e legítimo que em todo debate político entre as diversas correntes partidárias, estivesse implícito que as divergências fossem apenas por ideologias políticas ou diferenças sobre temas comuns que envolvem os interesses da população, naturalmente que um eventual pacto convergente seria alcançado ao final dessas demandas, por mais acirradas que fossem. Todavia, o que se percebe entre os litigantes que gastam horas e mais horas em inócuos e improdutivos debates, em geral, é uma batalha na defesa de ocultos interesses pessoais ou corporativos, dignos da reprovação de toda a população. Neste caso a peleja é longa...
O eleitor sofrido e amargurado, somente lembrado nos períodos próximos às eleições, precisa conscientizar-se do seu valor e importância num processo de mudança e aperfeiçoamento das práticas democráticas. Impõe-se que, individualmente ou em estudos de grupos, seja realizada uma análise do perfil dos candidatos que se apresentam, de maneira que nas suas propostas pessoais para o futuro desempenho político predomine um sentimento de transformação para o bem de toda a sociedade, com ênfase, sobretudo, no respeito e na valorização das instituições públicas.
Numa sessão conjunta do Congresso Nacional, nesta semana, fiquei indignado em vê que Medidas Provisórias foram submetidas à apreciação em sessão conjunta e, às 02:00h da madrugada, em meio à chamada para votação, alguns parlamentares pediam a palavra para divagar sobre assuntos de suas bases políticas, falando da Festa do Carimbó no Pará e para lembrar o aniversário de lideranças políticas dos seus Estados, coisas sem importância e sem nenhuma relação com a urgência e importância das matérias em votação. Onde está a prioridade no trato dos problemas nacionais? Ou seja, o que se pode ver e entender, é a presença da infeliz da politicagem antes, durante e depois, em atitudes que não tem relação alguma com o dever desses cidadãos naquela Casa. Por isso, imaginem os senhores que, se a gente assistindo pela TV é indigesto, quanto mais ao vivo e a cores, o quanto deve causar náuseas!
O que surpreende nos debates atuais no Congresso Nacional é a mudança de posição do PT e demais aliados, agora na oposição, que se colocam contra algumas Medidas encaminhadas pela Dilma Rousseff, as quais antes defendiam com paixão...! A atitude está tão gritante que um Deputado sugeriu que o PT fizesse uma “Terapia de Grupo” face a tão abrupta alteração na postura política. Aliás, dá gosto ver como os parlamentares petistas se sentem confortáveis no novo discurso como Oposição, transparecendo que a luta para que a Presidente volte, não passa de retórica.
Apesar desse clima político inquietante, a nação brasileira alimenta a esperança de que o futuro possa sinalizar mudanças positivas na mentalidade dos que pretendem ser representantes do povo, já a partir das próximas eleições. E, aproveitando, é oportuno lembrar: tudo isso depende de nós eleitores!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
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