Por Angelo Roncalli
Este é um texto de amor. Não é um texto de exaltação política, nestes dias cruciais que antecedem eleições. Não me interesso pelo jogo político. Não tenho políticos como referência. Não gosto dos partidos políticos. No mundo que criei pra viver – alienando-me da chatice costumaz – estão as pessoas e coisas que amo, a arte, os elos de convivência (o mundo se abre e eu de forma egoísta, na permissão a(l)tiva dos meus poucos quarenta anos, me divirto, me irrito, me afasto, me aproximo).
19/08/2016. Inauguração da Escultura ‘Chama Navegante’ em Juazeiro/BA, do artista Antonio Carlos Coelho de Assis, meu querido Coelhão, querido pela sua extrema gentileza, por sua sagaz inteligência, pelo incrível talento plástico e pelo olhar acerca de uma Juazeiro, que por coincidência ou não, permeia todo meu inconsciente emotivo e imaginário, no que tange o espaço onde nasci, cresci e acumulei experiências, significativamente ficcional pelas histórias desta cidade, dos seus personagens incríveis, das coisas que só acontecem em Juazeiro.
Coelhão no ápice da materialização das coisas aqui escritas sobre ele, saca do poço secreto de suas criações: o lume, o lumiar, o iluminar de uma Escultura que reúne: a Chama, o Chamar, o Navegante, o Navegar, além de tudo ali permitido: ver, sentir, criar, vestir, e desnudar sua obra. O local escolhido não poderia ter sido melhor: ambientado com o Vapor Saldanha Marinho, com a Escultura de João Gilberto, às margens do Rio São Francisco, Ponte, Ilha do Fogo, cutucado pela Memória do Cais e da Companhia de Navegação, ao alcance do sabor de uma outra cidade: Petrolina. Se você olhar com esse olhar, vai ver um cenário raro, em silêncio mesmo, sem precisar contar a história...
Dia Raro. Um dia onde Juazeiro se sente de fato amada. Dia pra se comemorar. Agradecer a Coelhão pelo contexto da obra e a meu querido Carlos Neiva, que vem colaborando com estes presentes: a Escultura de João Gilberto e agora a Escultura de Coelhão. Este é um texto de amor. Não é um texto político. É um texto de amor. “E depois, depois do amor / Ninguém, ninguém / Ninguém verá o que eu sonhei / Só você, meu amor”. Juazeiro!
Angelo Roncalli, 40, escritor.
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