Nano é uma escala de medida muito pequena, algo equivalente a um tamanho mil vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo. Pois bem, é nessa dimensão diminuta que pesquisadores e instituições têm trabalhado no desenvolvimento de produtos que resolvam grandes problemas em áreas como medicina, farmacologia, energia, biotecnologia, informação, segurança nacional e agricultura.
O potencial dessa técnica, para gerar soluções em campos tão diferentes do conhecimento, vai ser apresentado em dois eventos marcados para acontecer de 10 a 12 de agosto no Complexo Multieventos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro (BA): I Congresso em Ciências dos Materiais e a V Escola de Nanotecnologia da Rede AgroNano. O objetivo dos organizadores é expor as pesquisas realizadas na área e integrar as informações e técnicas produzidas nessa escala às necessidades do negócio agrícola da região.
A programação dos eventos consta de sessão de pôsteres, minicursos e palestras. Os assuntos variam, por exemplo, da "Química de Materiais", "Biotecnologia", "Microscopia Eletrônica de Varredura" à "Simulação computacional" para estudo das propriedades eletrônicas de materiais. Também serão abordados temas como "Tratamento dos resíduos gerados pela agricultura", "Avaliação do ciclo de vida e impactos ambientais de nanomateriais", além das aplicações da nanotecnologia no agronegócio.
A realização conjunta do congresso e da escola de nanotecnologia reúne importante estrutura de pesquisa do país. Um, é o Programa de pós-graduação em Ciência dos Materiais (PPGCM), da Univasf, que já formou 40 especialistas em nível de Mestrado e tem sólidas parcerias com universidades do exterior, como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT, em inglês – e a Universidade de Coimbra, e, no Brasil: UFPE, UFBA, USP, UFRJ, entre outras.
Outro, é a Escola de Nanotecnologia da Rede AgroNano que congrega mais de 150 pesquisadores das áreas de física, química, bioquímica, biologia, agronomia, zootecnia e engenharias de 53 instituições de todas as regiões do Brasil. Um dos seus membros e palestrante nos eventos, Douglas Britto, pesquisador da Embrapa Semiárido, considera que esta distribuição por todo o país "favorece o desenvolvimento regional com maior equilíbrio, ao mesmo tempo que atua como núcleo aglutinador de ideias e pessoas"
A formação dessa rede em 2006 deu grande impulso à área de nanotecnologia, inclusive com a geração de equipamentos relevantes em segmentos com cadeias produtivas bem estruturadas como as de bebidas de café, vinho e leite. Produzidas por pesquisadores da Embrapa, um sensor nanotecnológico nomeado de "língua eletrônica" é capaz de detectar características sensoriais desses produtos como amargor, doçura e azedume.
Uma pesquisa em andamento na Embrapa Semiárido estuda extrair substâncias com propriedades bioativas (vitaminas, óleos essenciais de plantas nativas e extratos vegetais de casca de uva) e encapsular em nanopartículas a fim de aplicação em filmes e revestimento protetor em frutas.
"Estas substâncias bioativas podem ter diversas atividades como antifúngica, nutracêuticas e protetoras que, além de sua grande potencialidade para a agroindústria, são obtidas, geralmente, de resíduos agroindustriais", explica Douglas.
O I Congresso em Ciências dos Materiais e a V Escola de Nanotecnologia têm como público alvo, além de pesquisadores da área, pós-graduandos e graduandos das Engenharias, da Física, da Química e da Biologia. Por ser um evento conjunto, permitirá uma grande difusão do conhecimento técnico-científico no Vale do São Francisco e possibilitará o intercâmbio e formação de novas parcerias para a solução de problemas do Agronegócio, principalmente no semiárido.
Mais informações podem ser acessadas no endereço eletrônico: www.ccmat.univasf.edu.br
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