Curaçá: Ararinha-azul voltará ao seu habitat em 2019

13 de Jul / 2016 às 09h25 | Variadas

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, assinou nesta terça-feira (12/07) uma parceria com entidades internacionais e nacionais que prevê a reintrodução  da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) ao seu habitat natural, a Caatinga. Por meio do aporte de aproximadamente R$ 5 milhões (cerca de 1,5 milhão de dólares) será construído o Centro de Reintrodução e Reprodução da Ararinha-Azul, em Curaçá, na Bahia.

O investimento contempla também outras ações de apoio e conservação da espécie, considerada extinta na natureza desde o ano 2000. Atualmente existem 120 animais, distribuídos em instituições particulares do Catar, Alemanha e Brasil.

“A dedicação de tantas pessoas, de diferentes origens, para chegarmos até aqui, simboliza a compreensão de nossa responsabilidade comum”, disse Sarney Filho. “A Caatinga, lar das ararinhas-azuis, e o Cerrado, savana mais biodiversa do mundo, precisam urgentemente desse reconhecimento, para reverter o processo de devastação de que têm sido objeto”, afirmou o ministro.

Durante a cerimônia, Sarney Filho destacou dois aspectos, segundo ele, fundamentais no combate à extinção da ararinha-azul. “Primeiramente, o envolvimento da comunidade, a visão de que as pessoas fazem parte do meio ambiente e são absolutamente necessárias para a sua preservação. Se bem informadas e amparadas em suas necessidades, elas se tornam protetoras ardorosas da natureza que as cerca”, disse. Em seguida, destacou a importância dos criatórios para a proteção das espécies ameaçadas. “Os criadouros que participam deste trabalho estão salvando as ararinhas-azuis. Temos que aprender com esta experiência e multiplicá-la”, enfatizou o ministro.

O representante do criadouro da Fazenda Cachoeira, Marcus Vinícius Romero Marques, destacou o objetivo final de devolução das aves à natureza. "Já trabalhamos com outras espécies, como a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus lear), e estamos muito felizes em ter mais essa missão", disse.

PROJETO

O projeto do governo brasileiro, iniciado há 15 anos, tem o compromisso de devolver à Caatinga as ararinhas-azuis. Atualmente conta com o apoio das seguintes instituições: Associação para Conservação de Papagaios em Extinção (ACTP), da Alemanha; Lubara Breeding Center – Al Wabra (AWWP), do Catar; Parrots International (PI), dos Estados Unidos; criadouro Fazenda Cachoeira, do Brasil; Jurong Bird Park, de Singapura.

As aves têm se reproduzido bem em cativeiro e o trabalho avança para a reintrodução da espécie em seu ambiente natural até 2019. A construção do Centro, na Fazenda Concórdia, pertencente à AWWP, às margens do riacho Melancia, no município de Curaçá (BA), permitirá a ampliação do manejo da espécie em cativeiro e a devolução ao seu habitat de ocorrência histórica 200 anos depois de sua descoberta pela ciência.

 

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Para que isso aconteça, os esforços estão voltados para a criação de pelo menos uma unidade de conservação federal na área de soltura, de 40 mil hectares, em um sistema agroecológico que visa melhorar as atividades produtivas, as condições de vida das comunidades rurais, regenerar a mata ciliar e a vegetação da Caatinga adjacente. Além disso, a criação da unidade de conservação favorecerá a proteção da população reintroduzida, os trabalhos de educação ambiental e a pesquisa científica. A área envolve o rio Curaçá, conhecido como Barra Grande, e outros riachos, como o Melancia, onde as últimas ararinhas foram avistadas na natureza.

De acordo com técnicos da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, o sucesso do projeto depende, também, do engajamento da comunidade local para a proteção da espécie. E de fatores como a restauração do habitat nativo, com incremento da oferta de alimento.

Os especialistas que integram o Grupo de Assessor do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-azul (PAN Ararinha-azul) alertam para a necessidade de se fazer o manejo das ameaças para aumentar o sucesso da reintrodução. Isso significa aumentar a qualidade do habitat, diminuir a quantidade de predadores, reduzir os perigos do tráfico ilegal de animais silvestres, o risco de uso do solo por mineradoras, e mitigar os riscos das linhas de transmissão, dentre outros.

PLANO DE AÇÃO

As ações do Plano de Ação da Ararinha-azul contam com o apoio da Vale, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil), ICMBio e de todos os mantenedores da espécie. Seu escopo envolve políticas públicas, pesquisa científica e educação ambiental voltadas para conservar a Caatinga.

Ascom/MMA

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