Silêncio
Carlos Laerte
O silêncio
cala alto
o sangue inocente
que se perdeu.
De mãos amarradas
segue junto o choro,
a dor das mães
e a esperança das margens.
Mas, como em todo silêncio sobrevive
um som, esperamos,
entre as paredes divinas
soar, ainda que tarde,
os murmúrios gritantes da verdade.
E se ainda assim,
insistirem em reverberar
as dúvidas da mentira útil,
que seja vil este propósito,
pretérito infame.
Pois, ainda que pareça longe,
está perto o dia em que
estaremos em silêncio e paz
regando a boa e angelical
lembrança da menina
Beatriz.
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