Quando a mídia divulga que alguém caiu numa cisterna ou poço de certa profundidade, o que é comum acontecer nas cidades do interior, mas, também, na periferia das grandes cidades, logo se sabe que resgatar uma vítima desse tipo de acidente é uma tarefa extremamente difícil, requerendo a habilidade de especialistas nessas missões, geralmente do Corpo de Bombeiros. Feito o salvamento, a vítima tenta a recuperação em tratamento intensivo... porque as sequelas são grandes.
Pode parecer simplório o exemplo, mas estamos diante de um quadro muito similar e que nos apresenta o Brasil como essa vítima que caiu no fundo do poço e está lutando para recuperar a vida quase perdida, enfrentando a turbulência de um novo período político-administrativo bastante conturbado e imprevisível. Falar de 11,5 milhões de desempregados, inflação que cresce acima de dois dígitos, milhares de empresas que fecharam as portas, melancólico e vexatório sistema de saúde nacional, rombo nas contas públicas estimado em 120 bilhões de reais, e também nos Fundos de Pensão, são apenas detalhes se lembrado que estamos diante de um iceberg recessivo de muito maior gravidade!
Nunca na história o Brasil chegou a nível tão baixo no conceito internacional, alcançando o fim da escala na classificação de risco de investimentos pelas Agências Internacionais, sem qualquer credibilidade. A imprensa internacional deitou e rolou no seu noticiário, e os âncoras do Brasil e do mundo tiveram um prato cheio para os seus comentários jocosos, principalmente quando um incompetente Deputado Presidente Substituto da Câmara fez uma trapalhada ridícula e vergonhosa, e baixou um decreto idiota anulando uma decisão do Plenário numa madrugada e na outra cancelou o seu ato débil e irresponsável!
A mudança de governante causou reação negativa de alguns países da América Latina e Caribe - Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e Cuba (Dinastia dos Castros, já com 57 anos de poder ditatorial! -, fato perfeitamente normal, uma vez que estão vendo escapar pelo ralo as possibilidades de novos aportes de bilhões de dólares, recursos importantes na sustentação do exército vermelho das milícias bolivarianas. Contudo, retirar Embaixadores em represália, é um ato diplomático indigno, repugnante e inaceitável, porque pretende interferir no nosso direito à Autodeterminação, algo tão reivindicado pela esquerda clássica, principalmente quando o assunto é do seu interesse. Sempre foi assim!
Não importa se é o Michel Temer ou outro qualquer que estivesse em seu lugar nessa transição. A verdade é que a gravidade do enfermo, em estado quase terminal, vai exigir dolorosos cuidados para a sua recuperação. A reconstrução da atividade produtiva, com a necessidade de urgente recomposição do trabalho para o uso da mão-de-obra ativa do país, será um processo penoso e as consequências recairão sobre a população brasileira, inevitavelmente. Essa situação corresponde exatamente ao que desejam aqueles que levaram o país a esse estado e que agora passarão a torcer pelo insucesso de qualquer medida que venha a ser adotada. Afinal, respeito o papel do PT na história brasileira, mas o que lhe ocorreu, e acontece com qualquer partido político em várias partes do mundo, é o processo natural de mudanças que afeta a todos, seja pelo discurso ter esgotado os objetivos ou mesmo por erros estratégicos cometidos. Isso o fará retornar à confortável posição histórica como Oposição, se confirmado o impeachment final.
O Brasil se encontra diante de cenário atípico na sua história. Enquanto o Vice que assumiu a Presidência por até seis meses, monta uma nova equipe buscando justificar a sua missão de resgatar o país da crise, da outra parte, a titular afastada em cumprimento à decisão do Senado Federal e de acordo com a Norma Constitucional, permanece residindo no Palácio da Alvorada, o que é normal, mas exige manter o direito ao uso do avião Boeing e do helicóptero que servem à Presidência, o que parece fingir que ainda governa...! Sem considerar que ainda tem deitado falação, sobre quem está a pouco mais de uma semana tentando remover a lama movediça encontrada.
Permanece viva a esperança de que o atual governo possa dar certo, porque o país exige uma saída e o povo não pode esperar mais. Não obstante as intenções manifestadas, contudo, permaneço coerente em fazer restrições a nomes já citados como investigados na Operação Lava-Jato ou respondendo a processos já em andamento, os quais não deveriam estar integrando um governo que se pretende seja de recuperação moral e ética. Se a rota não for melhor conduzida, poderá prevalecer a conhecida tese: “é tudo farinha do mesmo saco”.
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público. (Salvador - BA).
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