ARTIGO: PRESERVAÇÃO AMBIENTAL e DESENVOLVIMENTO URBANO, dois mundos possíveis.

17 de May / 2016 às 17h00 | Espaço do Leitor

É possível conciliar desenvolvimento urbano e preservação ambiental, mesmo com a falta de escrúpulo de alguns empreendedores e de alguns políticos, que a cada dia não se rendem a inexorável condição de alguns recursos naturais não serem renováveis. Precisamos de matéria prima para economia, mas precisamos também preservar a natureza.

Com a conivência dos governantes, assim como do judiciário, os empreendimentos imobiliários crescem e aparecem a cada dia, desrespeitando as leis, as pessoas, a história e o meio ambiente.

Aqui na região, em especial na cidade de Petrolina, a cada dia surge um novo prédio ou condomínio na orla da cidade. O código florestal de 2012 diz que nas margens de rios, a área mínima de florestas a ser mantida depende da largura de cada um: rios de até 10 metros de largura devem ter 30 metros de mata preservada; para rios de 10 a 50m de largura, 50m de mata; de 50 a 200m de largura, 100m de mata; de 200 a 600m de largura, 200m de mata; e rios de mais de 600m de largura devem ter 500m de mata preservada em suas margens. A pergunta que não quer calar: como pode construir prédios e condomínios residenciais em Juazeiro e em Petrolina, a menos de 30 metros do rio São Francisco?

Poderiam até fechar os olhos para esse desrespeito da lei, senão fosse pelo que tem de pior nessas construções, em virtude da falta de investimentos na rede de saneamento básico das duas cidades, as redes coletoras não suportam mais quaisquer novos lançamentos de dejetos. Infelizmente os órgãos estaduais e municipais de defesa do meio ambiente, tem concedido as licenças e omitem-se quanto a fiscalização dos lançamentos dos dejetos inatura no rio São Francisco, pois nenhuma das duas cidades tem estação de tratamento dentro dos padrões mínimos de tratamento de dejetos.

O rio agonizando e a cada dia aumenta a quantidade de baronesas nas suas margens. As baronesas são um bioindicador de má administração urbana, pois significa haver lançamentos de esgotos sem tratamento nos corpos d’água, consequentemente poluídos se espalham por todo o rio.

As baronesas que são popularmente conhecidas como “filtros naturais”, em alguns casos podem sufocar o ecossistema. Se contar que as baronesas são grandes transmissores de doenças, devido à sua grande proliferação nos ambientes poluídos por despejos domésticos, as baronesas podem contribuir na difusão de doenças associadas à água, já que podem arrastar com suas eficientes raízes as bactérias, vírus e fungos e, portanto, disseminar uma infinidade de doenças. As baronesas no ambiente de água doce criam também o habitat preferido para a procriação de mosquitos e, também caramujos do gênero biomphalaria que hospeda a planária causadora da esquistossomose.

No final de todo processo de destruição do rio, aquele que não morrerer de sede, morrerá de doença, em virtude da contaminação das suas águas. Assim estão tramando um duplo crime, um contra o rio e outro contra população que irá receber as águas da transposição do São Francisco. Matam o rio transpondo as suas águas e levam doenças a população que vai receber água poluída do Velho Chico.

Enio Silva da Costa - Sargento do Corpo de Bombeiros, Educador e ribeirinho

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