A Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) e diversos parceiros realizaram, nessa última semana de abril, a 8ª Edição do Festival Regional do Umbu, em Uauá, no norte da Bahia. Foram dois dias de atividades preliminares com reuniões e encontros, onde foram iniciados os trabalhos de funcionamento do Armazém da Agricultura Familiar, uma central de Comercialização, que vai facilitar a venda dos produtos oriundos da agricultura familiar e dar mais visibilidade às cooperativas. Já a sexta-feira (29) e o sábado (30) foram reservados a exposição de produtos na Feira de Agricultura Familiar, apresentações culturais, shows musicais, concursos e lançamento da cartilha Juventude Rural e Cooperativismo - Caminhos para a Inclusão de Sucessão Rural no Semiárido Brasileiro.
Além da exposição da cerveja artesanal de umbu, criada com receita e matéria-prima da Coopercuc, o festival também abriu espaço para apresentação de um novo produto desenvolvido por pesquisadores da área de nutrição e bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco, campus Recife. Uma barra de cereal de umbu; a tecnologia utilizada na produção será fornecida a Coopercuc, para que produza a barra, como foco para a merenda escolar. O produto ainda está fase de teste, na etapa de avaliação de mercado; antes de ser lançado, será distribuído em outros locais para degustação de avaliação. "Em 2013 iniciamos esta pesquisa com o umbu, pesquisa que atua no setor farmacêutico, cosméticos e nutricionais. Escolhemos o umbu entre outras quatro frutas, depois de perceber que havia pouca pesquisa desenvolvida com foco na fruta. Um fruto que é antioxidante e tem a folha do umbuzeiro funções gastroprotetoras", destaca, Professora de Bioquímica da UFPE, Márcia Vanessa da Silva.
E o umbu é mesmo surpreendente e as várias formas de utilização desta fruta foram mostradas na 8ª edição do Festival, que recebeu também a Chef de Cozinha, Ana Luiza Trajano, que trabalhou na produção da linha de bombons da Cacau Show com recheio de umbu. O produto utiliza a geleia produzida pela Coopercuc sem modificações. No ano passado a cooperativa forneceu mais de 2 mil toneladas de geleia para este fim, este ano já foi entregue uma tonelada. O produto surgiu através da pesquisa de uma Chef de Cozinha indignada com o sucesso da comida estrangeira fazer mais sucesso no país do que a nacional. Há dez anos ela começou, através do seu restaurante, a desenvolver pesquisas viajando pelo Brasil e conhecendo um pouco da cultura do local. Passou a se dedicar a projetos de várias empresas que querem desenvolver produtos brasileiros mas que não conhecem esta comunidade. "Durante o processo de pesquisa e criação do produto da Cacau Show com a geleia do umbu, eu tive o cuidado de desenvolver uma linha que pudesse dar retorno para a comunidade. Um retorno legítimo, onde o dinheiro voltasse para este grupo e que eles dependessem muito menos de políticas públicas, que tivessem mais autonomia", afirma a Chef de Cozinha.
Retorno e autonomia financeira que Joana Maria de Souza, cooperada da comunidade de Caratacá em Uauá agradece. Dona Joana está na cooperativa desde o início e o dinheiro que já recebeu com o trabalho na cooperativa, usou para melhorias da sua casa e para cuidados com a saúde. Mas ela vai além e afirma que o maior benefício não é individual e, sim coletivo. "A Coopercuc mudou a vida do povo de Uauá, foi essa cooperativa que fez cidade ficar conhecida nacional e internacionalmente. O trabalho desenvolvido aqui abre nossa mente. A gente conhece a realidade e é uma oportunidade de trocar experiências", destaca a agricultora e cooperada.
E a troca de experiência foi evidente durante o Festival Regional do Umbu, que recebeu cerca de 40 expositores, entre eles produtores do Rio Grande do Sul e de Sergipe. Como a Cooperativa de Produção, Comercialização e Prestação de Serviços dos Agricultores Familiares de Indiaroba e Região – COOPERAFIR, que levou ao Festival seus produtos: óleo e farinha a base de coco. A cooperativa possui mais de 500 cooperados e fatura anualmente cerca de 450 mil reais. "O Festival é fundamental e estratégico para as organizações, pois aqui há troca de informação de mercado, você conhece novos fornecedores e gera de novos negócios", afirma o cooperado Adnaldo Nascimento Santos.
Sem dúvida os frutos do Festival não se resumem somente ao que foi exposto ou apresentado nestes dois dias de evento, mas engloba os novos projetos, novos parceiros e negócios futuros. "Essa troca de experiência e formulação de novos projetos é o mais importante. No Festival iniciamos um projeto para potencializar outros sistemas produtivos, não só o do umbu; onde se possa gerar mais renda e trabalho para a agricultura familiar. Também estamos focados em despertar os talentos dos jovens, para que eles se interessem mais pelo trabalho da sua comunidade, descubram as potencialidades dos semiárido e permaneçam no campo gerando renda e desenvolvimento local", conclui o presidente da Coopercuc Adilson Ribeiro.
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