“PRENDAM O JUSTO E SOLTA BARRABÁS!”

24 de Mar / 2016 às 23h00 | Espaço do Leitor

Gilberto Santana

Meus amigos, há dois mil anos, Pôncio Pilatos, representante do Império Romano na Judeia, colocou, a uma multidão de gente apinhada junto ao seu palácio para assistir ao desenrolar do processo iniciado com a prisão do Messias, o povo se pronunciou democraticamente sobre a libertação de um de dois presos: Jesus, o Divino Rabi da Galileia, o profeta pregador do amor, que socorrera tanta gente com os seus milagres, e o assassino Barrabás. O povo, manipulado pelo poder político e religioso, optou por Barrabás, esse mesmo povo que dias antes tinha recebido Jesus triunfalmente em Jerusalém.

Nesta Semana Santa, com a crise e a divisão em que nos encontramos, cenário de ofensas coletivas que atingem nossa espiritualidade, gostaria de me referir a figura de Barrabás, cujo nome verdadeiro era Jesus Barrabás, rodeado e contextualizado para se entender nossa crise do Brasil e o uso que se faz da tal opinião pública – opinião publicada – como é a da rede Globo e o que o povo faz com as “informações” e manipulações.

Barrabás era parte das peças do império romano, que cruel e opressoramente dominava a Palestina no século I quando Jesus Cristo foi preso, julgado num tribunal eivado de corrupção e viciado pelos interesses manipuladores de Roma.

Condenado numa armação entre sacerdotes, teólogos e o senado. Todos nas mãos do poderoso império, Jesus levado a Pilatos enfrentou um teatro de horror no qual sua vida, sua missão e a justiça foram jogadas no lixo em troca de Barrabás, que foi solto aos gritos de pseudo pressão de uma plateia rancorosa, atiçada para pedir que o messias fosse crucificado.

Pôncio Pilatos se sentiu pressionado a crucificar Jesus e libertar o prisioneiro Barrabás.

O grande poder romano, foi sacudido diante do Jesus justo, de passado limpo, de comprometimento com o Reino que pregava anunciando justiça para todos, pão para os que tinham fome, consolo para os que choravam, liberdade para os presos, libertação para as mulheres vítimas do machismo e dos preconceitos.

O povo enlouquecido, como hoje, gritava: “crucifica-o! crucifica-o! crucifica-o!” Sim, o povo sedento de sangue, formado pela multidão que se espremia no pátio do palácio, pediu a morte de Jesus.

Me considero deslumbrado pelo povo, mais ainda pela classe trabalhadora, sou sindicalista. Essa opção de amar o povo está tanto em Jesus quanto em Marx.

Mas foi o povo que pediu ao Estado farsante e imperial, com reforço da religião, para matar Jesus.

Estranho, os mesmos que festejaram há poucos dias quando Jesus entrara em Jerusalém: “Bendito o filho da Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor”. Foram os mesmos presentes no pátio de Pilatos, como massa de manobra da farsa montada como julgamento, gritaram: crucifica, mata, elimina, fora com ele, mete-o na cruz, solta Barrabás! Quais foram as causas do erro que levou a massa ao delírio hostil contra Jesus?

Marcos, o evangelista, conta: “De manhã, os chefes dos sacerdotes, com os anciãos, os doutores da lei e todo o Sinédrio, prepararam um conselho. Amarraram Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos… E os chefes dos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus” (Mc 15, 1-3). Mais adiante, Marcos fulmina indicando mais uma causa do erro da multidão: “… os chefes dos sacerdotes atiçaram a multidão para que Pilatos soltasse Barrabás” (15, 11). Mateus conta que “os chefes dos sacerdotes e os anciãos convenceram a multidão para que pedissem Barrabás, e que fizessem Jesus morrer” (Mt 27, 20). E mais: “O povo todo respondeu: que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos” (25).

Toda a obra de Jesus não fora suficiente para libertar o povo do massacre estrutural sob o qual sempre sofreu, como diz o velho Marx, às vezes o explorado pensa com a cabeça do explorador, é assim que o ódio é terceirizado.

A classe dominante, a elite, os chefes, os líderes, os juízes, as autoridades, manipularam e inventaram fatos e notícias para “convencer” o povo.

Os Senhores da “neo casa grande” montam tribunais com provas falsas e inventam acusações, diante da massa que, confusa e ensandecida grita aos prantos pedindo sangue do justo.

A história segue, nossa jovem democracia caminha... Porém o combate ao amor, a verdade e a justiça que Jesus ensinou e viveu, continua.

Façamos a páscoa: passagem do ódio para o amor. Amai-vos uns aos outros e não armai-vos uns contra os outros.

O AMOR VENCE TUDO! 

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