Ainda corremos o risco de apagões e de uma eventual necessidade de racionamento de água e de energia em boa parte do país. Os principais fatores ligados a essa questão são a estiagem atípica, a ocorrência de um apagão que afetou cidades de várias regiões brasileiras e o fato dos reservatórios operarem muito abaixo de suas capacidades máximas.
Através dos séculos, os diferentes usos da água pelo homem aumentaram excessivamente, resultando em degradação ambiental e poluição. A deterioração das fontes de água está relacionada com crescimento e a diversificação de atividades agrícolas, aumento da urbanização e intensificação de atividades humanas nas bacias hidrográficas. O uso intenso, sem os devidos cuidados, coloca em risco a disponibilidade deste precioso recurso e gera problemas de escassez em muitas regiões e países.
O problema atual e futuro da escassez de água no mundo, com exceção daquelas regiões do planeta em que há limitações naturais, está mais ligado à qualidade do que à quantidade de água disponível. A água existe, porém, encontra-se cada vez mais comprometida em função do mau uso e da gestão inadequada deste recurso.
O acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada é uma prioridade, em especial em áreas urbanas, e está diretamente ligada à saúde da população. É importante frisar que diversas doenças têm sua origem na água contaminada e respondem por mais da metade das internações hospitalares na rede pública de saúde.
A ampliação do acesso à água devidamente tratada deve ser encarada como prioridade e ser acompanhada de programas de redução de perdas nas redes. Estima-se que o desperdício de água nos sistemas públicos de abastecimento seja de 45% do volume ofertado. Para a redução dessas perdas são necessários programas que envolvam fiscalização de ligações clandestinas, substituição de redes velhas, manutenção de hidrômetros, pesquisas de vazamento, entre outros procedimentos.
Além das medidas estruturais para minimizar as perdas nas redes, é necessário à fiscalização de usos e da ocupação nas áreas de mananciais, de forma a evitar a degradação das fontes de água, juntamente com campanhas de esclarecimento da população sobre o adequado uso deste importante recurso natural.
O sistema de fornecimento de energia no Brasil é essencialmente constituído por hidrelétricas. O principal problema dessa estratégia é a vulnerabilidade do sistema em períodos de estiagens atípicas, podendo provocar apagões e forçar medidas públicas de economia de energia. Em 2001, o país viveu a maior crise da história nesse setor, quando o risco de apagão foi combatido através de um intenso racionamento de energia, com o objetivo de reduzir em 20% os gastos domiciliares.
Há muito tempo que a palavra ra-cio-na-men-to soa como um palavrão para os governos, nada pode parar a desenfreada ascensão do capitalismo. Racionamento não combina com o consumo desenfreado e servil ao capital. Vivemos tempos difíceis com uma tecnologia cada dia mais destinada a servir ao sistema de obsolescência programada, tudo inteiramente produzido para ser descartado no primeiro uso. Afinal para que reformar ou reaproveitar, se o sistema facilita compra de um novo?
Quem sofre com isso? O meio ambiente. Quem paga o preço? Todos os seres humanos. A natureza sabiamente nos cobrará o preço pela sandice de não saber conjugar desenvolvimento com sustentabilidade. O velho Chico padece, e não vemos de nenhum governo, em nenhuma das instancias, a preocupação com o mesmo. Desaparecendo o velho Chico, desaparece o Vale, e com certeza problemas sérios para economia nacional.
Que todos possamos nas nossas atitudes diárias pensar na vida sem água potável, sem o velho Chico, sem a natureza para nos dar tudo que precisamos para viver, pedindo apenas que saibamos viver sem desperdiçar e com a racionalização no uso dos recursos naturais.
Enio Silva da Costa
Pedagogo e Sargento do Corpo de Bombeiros
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