*Gilberto Santana
Enfim o presidente da Câmara de Deputados, líder maior da bancada BBB (do boi, da bala e da bíblia) Eduardo Cunha, parece sofrer as primeiras derrotas depois de haver “acunhado” várias manobras de legalidade contestável. Empurrou com seu poder o conselho de ética acuando a ordem democrática, protagonizou aliança da classe dominante e mídia conservadora.
Diariamente o deputado chantageia o governo, debocha de seus críticos, propõe novas votações, parece onipotente. O que explica o “todo poderoso” Cunha? Malandragem e esperteza individual?
Cunha é um político habilidoso, treinado nas manhas e artimanhas da politicagem, começou sua carreira como tesoureiro no Rio da campanha presidencial de Collor, depois foi agraciado com a presidência da TELERJ por nomeação de ninguém menos que PC Farias (tesoureiro de Collor, morto a tiros). Desde então foi tramando seu caminho, sempre à sombra de figuras mais influentes, até chegar a líder do PMDB na Câmara de 2012 a 2013 e, atingindo uma importância central na política nacional.
Esta esperteza e trajetória não distingue especialmente este deputado de muitos outros em um covil de malandragens, votações contra os trabalhadores e o povo, intermináveis escândalos de corrupção como é o Congresso Nacional. De tantos “Cunhas” porque este Cunha emergiu? Não são exclusivamente “atributos individuais” que explicam o fenômeno. Cunha é o filho bem cuidado da ofensiva conservadora, cujos símbolos maiores seriam os projetos de “Cura Gay”, passando pela redução da maioridade e uma série de medidas contra o pobretariado, como as proposições de flexibilização dos direitos trabalhistas.
O principal fator que explica como este astuto político ganhou proeminência é a crise do PT e do governo Dilma. Golpeado pelas jornadas de junho, depois eleito em apertadas eleições e sofrendo o desgaste dos ajustes de agora, das diárias denúncias de corrupção, o PT cedeu cada vez mais a única forma para se sustentar sem se enfrentar com este regime: mais fisiologismo.
Para a classe trabalhadora a ascensão de Cunha não é sinal não de uma “imparável ofensiva conservadora” mas que tempos mais decisivos, de maiores enfrentamentos devem se colocar. Esquerda, volver! Resistir e lutar! É preciso empoderar o povo, mais do que colocar o povo no poder, colocar poder no povo! Acunha no Cunha, ou ele nos acunha.
*Gilberto Santana
Cidadão exercendo a cidadania.
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