O superintendente regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em Juazeiro (BA), José Hailton Carneiro de Oliveira, recebeu representantes do projeto Abelha Viva – que trabalha com a captura correta dos enxames encontrados em área urbana, visando preservar a biodiversidade e promover o campo da apicultura na região. De acordo com a idealizadora do projeto, Lícia Regina Lopes, o objetivo da reunião foi firmar uma parceria e buscar apoio em relação à organização dos apicultores do município. “A partir do momento que a gente institucionalizar o projeto, ter uma estrutura física e orientação dos técnicos da Codevasf, vamos poder fazer de forma correta a estruturação da produção de mel no município”, ressalta.
O projeto Abelha Viva surgiu em 2014 após Lícia Regina presenciar em seu local de trabalho o extermínio de um enxame. “Aquela situação me incomodou muito e resolvi que tinha que fazer alguma coisa, por isso fui ao Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), para conseguir informações. Após uma reunião na instituição aconteceu a primeira ação do projeto, que foi um curso de capacitação técnica sobre a captura de abelhas para bombeiros, produtores, estudantes e representantes da secretaria de meio ambiente. Também foi possível criar um banco de dados com o nome dos apicultores da região”, relata.
O sargento do Corpo de Bombeiros em Juazeiro Ênio Silva da Costa conta que há muito tempo os enxames eram retirados de forma incorreta por meio do extermínio, no entanto, a instituição percebeu que não dava mais para continuar com essa prática. “Conhecemos o projeto Abelha Viva e abraçamos de fato as ações. Damos suporte técnico e logístico, principalmente quando o acesso é difícil para que as abelhas sejam capturadas pelos apicultores. Antes nós tínhamos uma média de 12 casos de extermínio de abelhas por semana e depois do projeto aconteceram somente três casos. Hoje a solicitação está sendo feita diretamente aos apicultores e nossa unidade fica restrita a dar apoio”, frisa.
Ainda de acordo com Lícia Regina, em 2014 foram exterminados em Juazeiro cerca de 70 enxames de forma incorreta. “Essa prática hoje não ocorre mais, o extermínio só é realizado quando há o ataque a pessoas. De quando começou o projeto até 2015, foram capturados 100, e este ano, até o momento, já foram recolhidos 19”, pontua. O apicultor da Uneb José Ferreira Campos Neto explica que no início do projeto as abelhas recolhidas eram todas levadas ao apiário da universidade. “Devido à demanda ter aumentado, não foi mais possível levar todas as abelhas para o apiário da Uneb, por isso estamos dividindo para os apicultores”, disse.
José Ferreira conta também que está montado seu próprio apiário no Salitre, zona rural de Juazeiro. “A atividade compensa e é rentável. Ano passado apesar de ter sido muito seco e consequentemente quando a floração é menos, a tendência é diminuir a produção de mel, porque só tem mel quando tem floração, mas ainda assim, a quantidade que os produtores conseguiram, deu para assegurar a sua sobrevivência”, acentua. O projeto Abelha Viva já foi premiado duas vezes pela Fundação Natura em São Paulo. Hoje, as atividades contam com o apoio do DTCS, por meio do professor José Osmã Teles Moreira, do 9º Grupamento de Bombeiro Militar, por meio do tenente-coronel Anselmo Leal, e dos apicultores que atuam na região.
Célia Regina destaca que o projeto tem a pretensão de alcançar não só o público de apicultores, que pensam em exercer a atividade de forma racional, mas também trazer mais qualidade de vida para o município de Juazeiro e aumentar a produtividade de alimentos por meio da polinização. “Também queremos criar outros projetos de educação ambiental, de desenvolvimento sustentável para realizar palestras nas escolas e alcançar um público maior, para que possamos levar a importância das abelhas de forma geral, porque percebemos que a população ainda não tem o conhecimento devido da importância que esses insetos têm para a biodiversidade”, conclui.
Segundo o analista em desenvolvimento regional da Codevasf Everaldo Cavalcanti, a orientação inicial foi para que o projeto fosse formalizado com a criação do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). “Após essa formalização eles deverão enviar um ofício a empresa solicitando tudo aquilo que eles acreditam que a Companhia poderia atendê-los para estruturar o projeto. Nós nos colocamos a disposição a qualquer momento, temos todo interesse em ajudá-los”, explica.
Everaldo Cavalcanti ressalta ainda a importância do projeto. “Nós tivemos uma avaliação do trabalho que está sendo feito por eles e constatamos que até o momento não tinha na região. As ações são ecologicamente corretas, porque além de capturar os enxames da área urbana, que podem atacar pessoas e até animais domésticos, eles levam para locais apropriados para formar apiários e desenvolver a produção de mel e outros produtos da apicultura, então isso torna o projeto bastante coeso para que possamos apoiar. Agora estamos só aguardando para fazer os próximos encaminhamentos”, esclarece.
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