Pais de Beatriz Angélica falam ao Blog Geraldo José sobre divulgação do retrato falado do suspeito de ter cometido o crime

22 de Feb / 2016 às 19h21 | Policial

Após a divulgação do retrato falado do suspeito de ter assassinado a menina Beatriz Angélica Mota nesta segunda-feira (22) pela Polícia Civil, na capital pernambucana, os pais da criança, Sandro Romilton e Lucia Mota, concederam uma entrevista ao Blog Geraldo José e deram mais informações sobre a construção da imagem e também sobre o andamento das investigações. Beatriz foi morta a facadas no dia 10 de dezembro de 2015 durante uma solenidade de formatura no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina.

RETRATO FALADO

De acordo com a mãe de Beatriz, que foi uma das testemunhas chave para a elaboração do retrato, a foto revelada condiz com a imagem que ela testemunhou minutos depois de sentir a falta da criança.

“Eu acredito que sim. É dentro das características que eu vi. Eu acredito que eles estão na linha correta. É o que a gente espera. A gente quer justiça. Queria fazer um apelo para as pessoas das redes sociais que ficam tentando desconfigurar o retrato que foi divulgado. Não façam isso. Contribuam com a gente, com a investigação. Se o delegado está dando esse retrato vamos trabalhar em cima disso. Nos ajudem! Ele é experiente no caso. Eu e Sandro não temos formação policial, ele tem. Ele tem a linha de investigação dele”, frisou Lúcia.

O pai de Beatriz reafirmou a possibilidade do retrato falado divulgado ser de fato o que foi visto pelas testemunhas. “Algumas pessoas viram uma pessoa estranha entrando no banheiro masculino, banheiro feminino, mas que não foi captado em câmeras e não foi vista nas filmagens oficiais.  A escola naquele setor não tinha câmeras, mas tinham muitos pais de alunos e alunos tirando fotos, fazendo filmagens de modo aleatório, então ele se baseou no que algumas pessoas viram, em três testemunhas e uma delas foi Lúcia. Eu, pessoalmente, não vi ninguém estranho”, disse Sandro.

Indagada sobre como teria visualizado essa "pessoa estranha" dentro da solenidade, Lúcia Mota declarou emocionada. “Isso para mim é muito difícil de falar ainda. Logo quando eu percebi a falta e fiz aquela visão de 360 graus de que ela não está com a avó, não está com Sandro e não está com a tia, eu corri para o bebedouro, por que ela me disse que ia beber água. Ela sempre ficava pertinho de mim e na visão de Sandro, da minha sogra, da minha irmã, da minha cunhada. A gente só imaginava que ali era um ambiente familiar e era um lugar que ela tinha total propriedade para entrar e sair, era sua segunda casa. Naquele instante que fiz essa visão eu corri para o bebedouro. Está ainda muito difícil de digerir”.

Lúcia Mota afirmou que a família já tinha tido contato com a foto oficial do suspeito divulgada pela polícia e negou o fato da divulgação ter relação com a matéria do Fantástico. “Isso não foi nenhuma coincidência. Eu já tinha conhecimento. Para a gente não foi nenhuma novidade. A gente vem mantendo contato sempre com o delegado. Ele nos passa o mínimo possível para nos preservar e preservar outras testemunhas. Eu acho muito importante essa questão do sigilo para garantir a integridade das pessoas que estão contribuindo nas investigações”, disse a mãe.

Sobre esse contato anterior com o retrato falado do suposto assassino, o pai de Beatriz acrescentou: “Ele nos disse que tinha dois retratos da mesma pessoa. Foi feito um perfil em Petrolina na Polícia Civil e outro foi feito em Recife. Então tinham que confrontar essas imagens para chegar o mais próximo da realidade”.

INVESTIGAÇÕES

O pai de Beatriz acredita que a Polícia Civil de Petrolina está agindo corretamente e relatou que segundo informações passadas pelo delegado-chefe responsável pelo caso, Marceone Ferreira, 80% da investigação está concluída.

“O apelo de Lucia é muito forte com o delegado e ele nos pediu um voto de confiança. Eu dizia a ele que no dia da festa, com Beatriz, nós éramos 17 pessoas. Ele é um delegado que é de fora, que não tem muito contato com as pessoas da região e ele tem um perfil conservador. Com essa proximidade nossa, com essas nossas idas lá, com as palavras de Lúcia, ela comoveu todos os agentes e investigadores. A gente sente que as pessoas abraçaram a causa e nos falam o mínimo possível, por sigilo e por segurança deles. O delegado não pode sair falando o que está investigando. A gente sente uma estratégia e um perfil dele de segurança. Ele nos deu uma margem de 80% do caso pronto, já preparado, junto com o secretário de Segurança Pública e o Chefe da polícia Civil de Pernambuco. Não nos deram 100%, mas até aquele instante 80%. Agora precisam de amarrações para não correr o risco de prender uma pessoa e por falta de prova essa pessoa ser solta, como é o sistema brasileiro, as coisas são muito brandas. Se for um de menor, menos ainda, corre o risco dele não ser preso”, frisou.

APOIO DO COLÉGIO

Sandro salientou ainda que o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora deu uma contribuição inicial para o caso. No entanto, relatou a falta de segurança no momento em que acontecia a solenidade e como isso contribuiu para o atraso das investigações. “A escola deu uma contribuição inicial com o Disque denúncia e nós conseguimos fazer.  Através de um advogado, estou licenciado da escola até setembro e depois a gente vai renegociar. A escola tinha uma certa quantidade de câmeras só que naquela parte da quadra não era visível. A segurança é frágil, não tinha senha nesse dia, era acesso livre a todos".

APÓS O CRIME

O pai também citou a ação inicial da polícia no dia do crime: "O que deveria ter sido feito: a polícia chegar no ambiente e fechar o local. Lá não aconteceu isso. As pessoas que estavam dentro saíram e as de fora entraram. Muita coisa da cena do crime foi poluída por conta disso. Isso atrapalhou bastante as investigações”, pontuou.

APELO A POPULAÇÃO

Os pais de Beatriz fizeram um apelo à população de Juazeiro e Petrolina para que não compartilhem nas redes sociais depoimentos que venham a denegrir o trabalho policial e com isso atrapalhe o andamento do inquérito.

“Antes de receber a foto oficial do delegado, nós já tínhamos recebido outras fotos que não tinham muito a ver com a realidade, como se as pessoas estivessem brincando e isso é coisa séria. A gente faz esse apelo as pessoas que, antes de ligar para o Disque Denúncia, passar trote, compartilhar informação, reflitam que por traz disso tudo tem uma família sofrendo, muitas pessoas e que a sociedade está aterrorizada. Isso é crime, para as pessoas que não sabem”, disse o pai da criança.

A mãe de Beatriz, emocionada, reforçou o pedido para que as pessoas que estavam no colégio no dia do crime enviem fotos e vídeos do local. “Eu queria fazer um apelo, aos jovens, as pessoas que estavam na festa para enviarem para a página “Somos Todos Beatriz” fotos do entorno daquele acesso do campinho, onde normalmente acontecem as festas juninas. Quem tirou foto, vídeo, por favor, eu faço esse apelo, enviem para a página de Beatriz, mesmo que não achem relevante, enviem. Só tem uma página que é a oficial que está no meu Facebook. Não compartilhe a página falsa. A página oficial (clique aqui) está no meu Facebook, Lucinha Mota”, concluiu.

MATÉRIA DO FANTÁSTICO

Após repercussão na internet, os pais confirmaram que a imagem divulgada pelo Fantástico ontem, 21, de Beatriz correndo pela quadra, na verdade não era a da criança:"Houve um erro na matéria, ali não era a Beatriz, inclusive a garota que apareceu nas imagens é filha de um funcionário do colégio" esclareceu.

A DOR DA FAMÍLIA

“Para a gente está sendo difícil, a minha vida parou no dia 10 de dezembro, não tinha mais sentido de viver. Nós ainda não conseguimos voltar para casa, não consigo voltar para casa sem a minha filha” disse a mãe de Beatriz.

O pai, Sandro, completou: “Nós temos outros filhos, tivemos que sair de casa e trabalho, foi um momento muito difícil. Essa sensação de lutar em busca da justiça foi o que nos colocou de pé” finalizou.

Redação Blog Geraldo José

© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.