Quando Ravel atendeu ao pedido daquela dançarina entre o inverno e a primavera de 1928, jamais imaginava que sua obra seria tocada durante quase todos os 365 dias do ano numa praia distante em Terras Brasilis...
Sei que muitos aqui já devem conhecer o espetáculo do Pôr do Sol na Praia do Jacaré, Município de Cabedelo na Paraíba, que a maioria das pessoas se refere a João Pessoa, assim como as uvas que são plantadas, colhidas e exportadas aqui em Juazeiro e dizem ser de outra cidade, esse fato ocorre em nossa Região, sim!
Quais as constatações ao conhecer o Pôr do Sol ao som do Bolero de Ravel? Muitas... A partir da sensibilidade e entrega daquele homem que escolheu como prática da sua vida, fazer esse oficio todos os dias ao cair da tarde... Quando o sol começa a ir embora, ele surge de branco, desce até um barquinho que o conduz por exatamente uns 14 minutos (tempo original da música) por aquelas águas e na forma que se ver na ilustração...
Constatamos que o turismo tem uma força imensa na economia de qualquer Região, vi isso de perto lembrando daqui e imaginando que também temos algo mais que carnaval para ser explorado, pois são muitos e milhares que elogiam o nosso Pôr do Sol visto ali da antiga Franave, da Ponte, ou indo pelas barquinhas...
Falar em antiga Franave, não é de hoje que se reivindica em fazer naquele local um Polo de Gastronomia, e eu acrescentaria ao nome, um Polo Gastronômico de Cultura e Lazer, pois, espaço tem demais, mas, pelo visto, o Poder público e privado nunca chegaram a um acordo... Muito se fala na falta de um ambiente para melhor atender ao lazer das pessoas, então, por que não aproveitar totalmente aquele lugar, que também poderia servir para um convite ao nosso Pôr do sol...? Fica a dica!
Mas, nesse contexto, não posso esquecer mesmo é de falar do Jurandy do Sax, o grande protagonista de tudo aquilo que existe naquela praia, onde antes, era um amontoado de barracas e simplório lugar, e hoje, um aprazível local com organização, disciplina e ares de emoção, oferecendo deleite e encanto a tantas e tantas pessoas, que para ali se deslocam para ver o sol se despedir, ao som do sax do Jurandy que chamou para si a responsabilidade, e assim o faz com seu jeito e sua paixão por Ravel do qual é exímio conhecedor da sua obra...
Quando digo chamou para si, é porque sem o espetáculo que ele protagoniza, aquele local, seria apenas mais um lugar onde o sol desaparece todos os dias, mas, com o seu sax, ele faz as pessoas vindas do mundo inteiro esquecerem seus problemas durante aquele instante mágico, enquanto um ato comum da natureza se torna em algo a ser lembrado para sempre... Me faltava ver aquela cena da qual tantos me falavam. Fui e conheci o Jurandy, uma figura ímpar que escolheu o pôr do sol como sua arte de viver, e tem vivido sob aplausos com hora marcada todos os dias, se não chover...
Palavra final: Naquele dia, testemunhei dois artistas, nas pessoas do músico e do moço que conduz aquele barquinho remando como se fosse bailando ao som do Bolero...
APLAUSOS novamente, daqui, por tudo que vi...
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