Cuidado com a Hostilidade Estimulada - Por Pastor Teobaldo

03 de Apr / 2025 às 15h11 | Espaço do Leitor

Cuidado com a hostilidade que se acumula silenciosamente na alma, fragilizando as emoções como magma incandescente em um vulcão de frustrações e sonhos desfeitos, sempre à beira de uma erupção capaz de devastar tudo ao redor. Há um perigo sutil e traiçoeiro nesse acúmulo: a erosão interna do espírito, que transforma até os corações mais nobres em terrenos áridos, incapazes de florescer em graça e generosidade.

O mundo está repleto de pessoas consumidas por essa chama corrosiva, e, paradoxalmente, muitas delas são boas, mas se perderam em meio às dores que não souberam processar. Deixaram que perdas, decepções, medos e fracassos se alojassem profundamente, sem jamais serem elaborados ou curados. A dor não enfrentada não desaparece; ela se transfigura em hostilidade, tornando-se um peso insuportável para quem a carrega e uma ameaça para quem está por perto.

Muitos tentam encobrir essa tempestade interior sob um véu de perdão superficial e falsa serenidade. Mas, no silêncio da alma, fervilham mágoas, ressentimentos e desejos reprimidos de vingança, que, cedo ou tarde, irrompem de forma incontrolável. E quando isso acontece, a destruição começa por dentro, aniquilando a autoestima e envenenando a capacidade de amar, para depois se espalhar como um vendaval de dor sobre aqueles que compartilham do nosso caminho.

A hostilidade não se manifesta apenas em palavras ásperas ou atos de violência. Ela se infiltra no olhar gélido, na ausência de empatia, na omissão intencional. Ela é, em sua essência, uma afronta ao outro, um descompromisso com a bondade e a dignidade humana. Por vezes, surge sem intenção; outras vezes, é minuciosamente arquitetada para ferir. No entanto, ambas destroem, pois a animosidade, quando cultivada, é uma semente de morte emocional.

Saber lidar com as diferenças, aprender a contemplar o sucesso alheio sem que isso gere amargura, e desenvolver um olhar generoso sobre as falhas do próximo são atitudes que impedem que a hostilidade crie raízes. A inveja, a rejeição e o rancor, quando alimentados, voltam-se contra nós mesmos, minando nossa paz e nossa capacidade de crescer.

Portanto, se seu coração se encontra assim, inflamado por essa hostilidade latente, tome cuidado. Esse fogo não é força, mas fraqueza; não é justiça, mas destruição. Ele denuncia uma alma ferida que, em seu desespero, busca transferir sua dor para os outros. Mas sempre há uma escolha. Podemos sufocar a raiva antes que ela nos sufoque. Podemos abandonar a ira antes que ela nos corrompa. A resposta para tudo isso não está na revanche, mas no amor. A cura não está na resistência ao bem, mas na entrega a Ele. Pois a essência da vida é Deus.

Teobaldo Pedro de Jesus - Pastor, Professor e Psicanalista

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