Os dez anos da epidemia de zika: como estão as crianças que nasceram com microcefalia?

17 de Mar / 2025 às 11h30 | Variadas

No dia 06 de maio de 2016, a REDEGN destacou reportagem sobre Veja Aqui-Profissionais da Secretaria de Saúde participam do 1º encontro sobre assistência à criança com microcefalia em Juazeiro. Na época as equipes dos Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF), coordenadores da Atenção Básica e Vigilância Epidemiológica, profissionais do Cerpris e da saúde de Juazeiro e região participaram, do '1° Encontro de Profissionais de Saúde da Região Norte sobre Assistência à Criança com Microcefalia'.

O evento foi organizado pelos Núcleos Regionais de Saúde da Secretaria de Saúde do Estado e teve como objetivo elaborar fluxos para diagnóstico e assistência às crianças com microcefalia da região. 

A situação no dia 29 de dezembro de 2015 já chamava atenção e preocupava autoridades do setor de saúde. As manchetes dos principais sites da Bahia apontavam Veja Aqui-Casos suspeitos de microcefalia sobem de 271 para 312 na Bahia. As Mães da Bahia começaram a relatar problemas para tratar microcefalia em bebês.

Na vizinha Petrolina os meios de comunicação divulgavam: Quatro casos de microcefalia são registrados no Sertão de Pernambuco. Casos foram registrados em Petrolina, Trindade e em Santa Filomena. Secretaria de Saúde está seguindo protocolo do Ministério da Saúde. Naquele ano Em nota, a SES, informou que desde quando foi feito o comunicado pelos profissionais de saúde, uma série de medidas foram adotadas. Entre elas a criação do Comitê de Operações de Emergências em Saúde (Coes), formado por profissionais de diversas instituições, onde estão sendo realizadas as discussões dos casos e o planejamento das ações e atenção às mães e bebês.

Entre 2015 e 2017, o Brasil virou notícia no mundo por causa do número de crianças nascidas com microcefalia. A medida da cabeça dos bebês era menor que 32 centímetros. O cérebro não se desenvolvia, deixando sequelas irreversíveis.

Na época, o país enfrentava um surto de zika, doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti, o mesmo da dengue e da chicungunya. A primeira evidência de que a microcefalia era provocada pela zika veio de Campina Grande, no interior da Paraíba.

A médica Adriana Melo, especialista em medicina fetal, estranhou a ultrassonografia de Ceiça, que esperava a primeira filha, Catarina: "Me chamou a atenção o cerebelo, que é a parte posterior da cabeça, que era mais fino que o habitual", conta a médica.

Foi o alerta que precisava para que médicos e cientistas começassem a entender outros casos que surgiam pelo país: 4.595 crianças nasceram com microcefalia no Brasil desde 2015, a maioria no Nordeste.

Catarina foi a primeira criança no Brasil a ser diagnosticada com a síndrome congênita do zika vírus. "O mundo desabou nas nossas cabeças porque um mosquito pequeno que poderia ter sido evitado. É devastador na vida de uma pessoa", diz Ceiça, mãe de Catarina.

Ravi nasceu há apenas 7 meses e recebeu o mesmo diagnóstico: microcefalia provocada pelo vírus da zika.

"Minha família não tem mãe atípica, sou a primeira. Mas é um amor enorme que a gente tem por eles", diz Samara, mãe do Ravi.

No domingo o programa Fantástico da Rede Globo mostrou que o diagnóstico do Ravi, em Minas Gerais, responde a uma pergunta feita com frequência: sim, mesmo que em menor quantidade, continuam nascendo crianças com microcefalia por causa da zika. A explicação pode estar nos problemas que não foram resolvidos. O Brasil não conseguiu se livrar do mosquito transmissor da zika e nem de um conjunto de fatores que deixam mães e filhos vulneráveis ao vírus: a falta de saneamento básico é um deles.

Assim, Brasil afora, milhares de famílias têm marcas deixadas pelo zika.

"Levei num neuro, perguntei pra ele o que era microcefalia. Ele: 'microcefalia é tudo de ruim que você imaginar'. Aí perguntei: 'por quê?'. Ele falou assim: 'a sua criança não vai andar, não vai enxergar, não vai escutar. Era melhor Deus ter levado a sua filha", recorda Joselânia, mãe da Anna Cristina.

"A maior dor é não escutar ela chamar mamãe. Essa dor vou carregar pra sempre. Isso aí o zika vírus me roubou, a oportunidade de ver minha filha chamar mamãe", lamenta Nadja, mãe da Alice.

Pelo menos 267 crianças diagnosticadas com a síndrome morreram. 

"Eu olho pra trás, eu digo assim: meu Deus, mesmo vendo ela assim, todo sacrifício, toda dificuldade pra sobreviver... Eu digo: obrigada, meu Deus, por ter conseguido de manter minha filha viva até hoje, estar comigo até hoje", se emociona Nadja.

A REDEGN enviou solicitação as Prefeituras de Juazeiro e Petrolina quantas crianças com microcefalia causadas pelo Virus Zika as Secretarias de Saúdes atendem e qual programa de combate aos mosquito da Dengue.

A Secretaria de Saúde de Petrolina informou que não houve nenhum registro de microcefalia causada pelo Zika Virus.

A Prefeitura de Juazeito disse que o setor da Secretaria de Saúde está reunindo informações e envia para divulgação assim que receber o resultado

BAHIA:

Em 2024, não foram confirmados casos de microcefalia na Bahia.  Estima que o Brasil teve cerca de 20 mil casos suspeitos da doença.

PROJETO LEI: Ano passado Mães de crianças com microcefalia em Salvaodr protestaram a favor de aprovação de Projeto de Lei que garante pensão mensal para crianças afetadas pela síndrome, causada pelo zika vírus.  A PL é um projeto de 2023, que tramita no Senado Federal. No texto original, era solicitado um valor de R$ 50.000 para indenização por dano moral à pessoa com deficiência permanente causada pelo Zika Vírus, além do pagamento mensal vitalício de o maior salário de benefício do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que atualmente equivale a R$ 7,7 mil.

O texto foi vedado pelo Presidente da República.

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