Relatório anual do Instituto Fogo Cruzado indica que, em 2024, foram registrados 6.769 tiroteios nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Recife, Belém e Salvador. Como resultado, foram 5.936 pessoas baleadas, 4.104 mortos e 1.832 feridos. Quase um terço do total de tiroteios monitorado (29%) ocorreram durante ações policiais.
Segundo o instituto, o mapeamento nessas quatro metrópoles, que abrangem Sudeste, Nordeste e Norte do país, possibilita identificar padrões comuns e especificidades regionais no uso da força letal pelo Estado. Além disso, é possível compreender a dimensão dos conflitos entre grupos armados no cotidiano de grandes centros urbanos.
“A violência armada segue como um grande desafio. Os impactos são devastadores, especialmente para crianças, adolescentes e comunidades vulneráveis. A flexibilização do acesso a armas de fogo, sem o acompanhamento dos mecanismos de fiscalização, combinada com uma política de segurança pública centrada no confronto, tem contribuído para a manutenção deste ciclo de violência, algo que não é novidade, mas que vem aparecendo a cada novo relatório anual”, analisa Cecília Olliveira, diretora-executiva do Instituto Fogo Cruzado.
Os dados do estudo reforçam o argumento. Entre 2017 e 2023, houve aumento de 227% no número de armas registradas. No total, há cerca de 4,8 milhões de armas em posse da população civil.
Outro dado preocupante é o de pessoas que morreram em confrontos com agentes de segurança: entre 2015 e 2024, foram 51 mil pessoas.
Na região metropolitana do Recife, houve queda de 1.827 tiroteios em 2023 para 1.748 em 2024, redução de 4%. Mesmo assim, o número de registros em 2024 é o segundo maior da série histórica.
Segundo o Fogo Cruzado, Pernambuco tem os índices mais preocupantes de violência do estudo, com 97% dos disparos ocorridos na região metropolitana resultando em vítimas, o maior índice em todos os estados mapeados pelo instituto.
Em 2024, o número de crianças e adolescentes baleados atingiu recorde, com 147 baleados, resultando em 101 mortes. Desde 2019, já são 735 casos de jovens até 17 anos de idade baleados.
Na região metropolitana de Salvador, os números tiveram pequena redução de 0,4% em comparação a 2023. Foram 1.795 ocorrências de disparos de arma de fogo em 2024, contra 1.804 no ano anterior. Em média, a Bahia registrou cinco tiroteios diários na região metropolitana, com 38% dos confrontos originados em ações policiais. No ano anterior, essa proporção foi de 36,5%.
Em 2024 foram registradas 27 registradas chacinas, resultando na morte de 92 civis. Em 2023, foram 48 chacinas, com 190 mortos. Em 2024, 59% das chacinas aconteceram em ações policiais. Em 2023, a taxa foi de 69%. A polícia ainda é responsável por mais da metade das chacinas ocorridas na região.
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