Pesquisadores da Univasf descobrem novo sítio arqueológico na Serra da Fumaça

17 de Jan / 2025 às 14h30 | Variadas

Um inventário das construções feitas por intervenção humana na Serra da Fumaça, em Pindobaçu (BA), resultou na descoberta de um novo sítio arqueológico por pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). A proposta inicial do estudo era avaliar os impactos dessas ocupações na região, localizada no norte da Chapada Diamantina, para contribuir com sua conservação. A pesquisa “Estruturas feitas pelo Homem e Ameaças Ambientais na Serra da Fumaça: Novos Alertas de Conservação e um Sítio de Potencial Interesse Arqueológico” foi publicada como artigo em dezembro na revista Enciclopédia Biosfera.

O estudo foi realizado pelos biólogos e egressos da Univasf Vladimir de Sales Nunes, Mavani Lima Santos, Gabriel Luiz Celante da Silva, Eric Cunha Soares de Jesus, Adhan Gabriel Carvalho e pelo docente do Colegiado de Ciências Biológicas, Benoit Jean Bernard Jahyhy. O grupo de pesquisadores pertence a diferentes áreas do conhecimento das ciências biológicas, como entomologia, ecologia e desenvolvimento sustentável, ramos fundamentais para o progresso da pesquisa. O artigo está disponível para leitura neste link.

Mapeamento, inventário e monitoramento da presença humana foram algumas das atividades desempenhadas pela equipe durante as expedições na Serra da Fumaça, que contaram com o apoio da Empresa Júnior da Univasf, a Preserve Jr. Com cerca de 20 metros de comprimento e situados em uma área isolada da floresta, dois muros de rocha aparentemente intactos há centenas de anos foram descobertos pela equipe em uma dessas expedições. Após análise visual e relatos da população local, acredita-se que seja um sítio arqueológico ainda não registrado. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sítios arqueológicos são locais onde se encontram vestígios de ocupação humana, como, por exemplo, locais de pouso prolongado ou de aldeamento, grutas, lapas e abrigos sob rocha.

A integrante da equipe e analista ambiental do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Univasf, Mavani Lima, relata que a descoberta dos muros de rocha foi uma grata surpresa, principalmente pela urgência de garantir que a Serra da Fumaça seja protegida e tenha regulação, especialmente no setor de turismo. “Acreditamos que deva haver outros sítios assim em toda a região norte da Chapada Diamantina. Então, quanto mais conhecimento tivermos, melhor. Tanto para conhecer nossa própria história quanto para protegê-los e ao modo de vida das populações tradicionais que têm prioridade no uso daquele local”, analisa a bióloga.

A Serra da Fumaça é uma região montanhosa com um importante território de biodiversidade e uma comunidade quilombola. Atualmente, a área tem sido ameaçada por diversos impactos ambientais e sociais, o que levou a equipe de biólogos a buscar alternativas para auxiliar na conservação da Serra. Com base nisso, no potencial ambiental e cultural da região e na área de drenagem do Rio Fumaça, a pesquisa também propõe a criação de uma Unidade de Conservação.

Segundo o biólogo Vladimir Nunes, a descoberta foi relatada ao IPHAN para que haja uma intervenção com arqueólogos no local, a fim de realizar a correta categorização e proteção do sítio. Nunes lamenta que a área ainda não tenha a devida proteção ambiental, especialmente pela presença de povos tradicionais e pela possibilidade de outros sítios arqueológicos serem descobertos. “Ainda não existe controle ou fiscalização da degradação que ocorre lá em cima. Além de ser uma unidade de conservação, é terra quilombola, e deveria receber mais atenção. A região sofre ameaças de mineração, criação de gado, desmatamento e o avanço de parques eólicos, o que prova o quão importante e prioritário deve ser o esforço para a conservação”, comenta o pesquisador.

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