Com a vida dedicada aos estudos e o sonho de ser juiz, o delegado pernambucano Josenildo Belarmino de Moura Júnior, de 32 anos, iria se casar no próximo mês de junho. Ele morreu durante um assalto, na cidade de São Paulo, onde morava há apenas sete meses, na manhã de terça-feira (14).
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o tio Josevan Belarmino, de 54 anos, relata que o delegado estava noivo, sempre viveu em Chã Grande, no Agreste, sua terra natal, e só se mudou para a capital paulista porque foi nomeado no concurso para a Polícia Civil.
“Era uma pessoa muito amada, muito querida, não bebia nem tinha vício. Um rapaz de muita índole que, para você ter ideia, ia casar agora em junho com a primeira e única namorada. A vida dele foi dedicada à família e aos estudos”, diz.
Em São Paulo, ele dividia o apartamento com um primo e trabalhava no 11º Distrito Policial (Santo Amaro), na Zona Sul da cidade. Já a noiva ficou em Pernambuco e é aluna do curso de formação dos novos soldados da Polícia Militar (PM), que começou no mês passado, de acordo com a família.
Josevan afirma que o plano do sobrinho era voltar para o Estado já no próximo mês. Ele também concorria a vagas de delegado em Pernambuco e na Paraíba. “Em fevereiro, ele ia dar baixa na polícia de São Paulo, para assumir em março em Pernambuco… E aconteceu essa tragédia. Infelizmente, levaram a vida do meu sobrinho”, relata, emocionado.
Sonho de ser juiz
Filho de uma professora com um agricultor, Belarmino era o mais velho dos dois filhos do casal, hoje divorciado. Ele também tinha outros irmãos por parte de pai – um deles, inclusive, precisou pegar às pressas um avião em Angola, onde trabalha como engenheiro, para participar do velório na quinta-feira (16) em Chã Grande.
“Desde criança, eles gostavam de ir para o sítio do pai para andar a cavalo”, relata Josevan. “Depois, a diversão dele virou estudar, ir para casa da noiva, participar da missa e, às vezes, ir a uma pizzaria.”
No fim da adolescência, Belarmino abriu um pequeno negócio em Chã Grande, com foco na venda de águas e em aluguel de mesas e cadeiras, conta o tio. “Ele dividia o tempo entre o trabalho e o estudo. Foi assim que se formou em Direito”, diz.
A primeira aprovação em concurso foi para o cargo de assessor do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O jovem trabalhou na vara de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, por cinco anos.
“Ele dizia que só ia parar de estudar quando chegasse a ser o ‘homem da capa preta’”, relata Josevan, fazendo alusão ao cargo de magistrado. Belarmino também trabalhou como professor de cursinho preparatório para concursos. “O sonho dele era ser juiz”.
Comoção
O assassinato de Belarmino comoveu Chã Grande. Há expectativa de que o corpo seja transportado na quinta-feira (16), em carro aberto do Corpo de Bombeiros, em um cortejo de cerca de sete quilômetros.
O velório deve ser realizado na quadra da Escola Municipal XV de Março. Inicialmente, a cerimônia estava prevista para ocorrer na Câmara de Vereadores, mas a análise é de que o espaço não comportaria o público previsto.
“Ele era uma pessoa muito querida, sem nenhum inimigo. A cidade está parada”, afirma Josevan.
Belarmino foi morto a tiros na Rua Amaro Guerra, em Santo Amaro, por volta das 11h30. De acordo com o boletim de ocorrência, o delegado foi baleado no tórax e nas costas após o ladrão pedir o seu celular e perceber que ele estava armado.
Conforme apurou o Diario, a Polícia Civil paulista suspeita do envolvimento de ao menos três pessoas no latrocínio (roubo seguido de morte) e já fez buscas em Paraisópolis, comunidade próxima ao local do crime. O autor dos disparos também já teria sido identificado, mas segue foragido.
A ocorrência provocou, ainda, a reação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Um crime bárbaro e que não ficará impune! As forças policiais estão empenhadas à procura e captura do criminoso para que seja punido dentro do rigor da lei”, declarou.
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