A Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro que ocupa 11% do País, é lar de 27 milhões de pessoas e sofre acentuado impacto humano, ganhará US$ 5,5 milhões para um novo projeto, o Conecta Caatinga.
O anúncio foi feito no dia 16 de dezembro, em Washington, pelo GEF, doador da iniciativa, que promoverá a criação de corredores ecológicos para ligar áreas protegidas públicas e também privadas, fundamentais para conectar populações isoladas de espécies ameaçadas.
O projeto do MMA, que fomenta a conservação da biodiversidade, a recuperação de vegetação e dos corpos d’água, é implementado pela Agência GEF Funbio.
“O projeto reflete a prioridade do Ministério do Meio Ambiente em promover paisagens sustentáveis que integrem esforços em áreas protegidas e seus interstícios. Na Caatinga, isso se traduz na criação de corredores que conectam áreas protegidas, propriedades privadas e territórios tradicionais, um demonstração de que a integração desses diferentes espaços é essencial para a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais”, afirma Rita Mesquita, titular da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do MMA. Confira agenciaeconordeste AQUI
Com início previsto para o segundo semestre de 2025, o projeto beneficiará cerca de 14 mil pessoas em 500 mil hectares e tem duração estimada de cinco anos. Ele reforça os esforços para conservar um dos biomas mais ameaçados e menos protegidos do Brasil, lar de espécies ameaçadas de extinção como a ararinha-azul. “O apoio a projetos na Caatinga faz parte da história dos 29 anos de trabalho do Funbio, seja na restauração ecológica, seja na promoção de práticas sustentáveis que conjuguem benefícios sociais e ambientais. Os desafios são muitos. A Caatinga tem cerca de 590 espécies de aves, 178 de mamíferos, 241 de peixes e 221 de abelhas. Entre as centenas que ocorrem no bioma, 125 da fauna e 253 da flora estão sob ameaça de extinção”, ressalta Rosa Lemos de Sá, secretária-geral do Funbio.
A implementação terá estreita parceria com outro projeto, também financiado pelo GEF: o Área Protegidas da Caatinga (Arca) anunciado em junho de 2024 e que destina ao bioma US$ 10 milhões do Fundo do Marco Global para a Biodiversidade (GBFF), sob gestão do GEF e executado pelo Funbio.
“Este projeto é um grande exemplo de complementaridade entre o fundo fiduciário do GEF e o Fundo para o Marco Global de Biodiversidade (GBFF). Embora vise melhorar a conservação da biodiversidade fora das áreas protegidas na Caatinga, o projeto se articula muito bem com outro projeto do GEF financiado pelo GBFF e focado em Áreas Protegidas: o Arca. Estou muito satisfeito em ver como o Brasil pode fazer o melhor uso das vantagens comparativas do GEF como uma família de fundos, construir sinergias entre o financiamento tradicional de biodiversidade do GEF e o GBFF, gerar investimentos mais eficientes e impactantes por meio de abordagens mais integradas”, declara Carlos Manuel Rodríguez, CEO e presidente do GEF.
O Conecta Caatinga vai atuar num bioma que já teve 80% da superfície alterada pelo ser humano. O projeto será desenvolvido nos territórios que conectam as seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental do Boqueirão da Onça (BA), Parque Nacional Boqueirão da Onça (BA), Área de Proteção Ambiental Lago de Sobradinho (BA), Área de Proteção Ambiental Dunas e Veredas do Baixo Médio São Francisco (BA), Parque Nacional da Serra das Confusões (PI) (apoiados pelo projeto Arca) e também o Parque Estadual Serra do Areal (PE).
Financiamento da Biodiversidade-O Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) é um mecanismo financeiro nacional privado, sem fins lucrativos, que trabalha em parceria com os setores governamental, empresarial e a sociedade civil para que recursos estratégicos e financeiros sejam destinados a iniciativas efetivas de conservação da biodiversidade.
Desde o início das atividades, em 1996, o Funbio já apoiou mais de 500 projetos que beneficiaram número superior a 400 instituições em todo o País. Entre as principais atividades realizadas estão a gestão financeira de projetos, o desenho de mecanismos financeiros e estudos de novas fontes de recursos para a conservação, além de compras e contratações de bens e serviços. Trata-se da única ONG no Hemisfério Sul acreditada tanto como agência implementadora do GEF, o Fundo Global para o Meio Ambiente, quanto do GCF, Fundo Global para o Clima.
Fundo Global para o Meio Ambiente-O GEF é uma família multilateral de fundos dedicados a confrontar a perda de biodiversidade, as mudanças climáticas e a poluição, além de apoiar ações voltadas para a saúde da terra e dos oceanos. O seu financiamento permite que os países em desenvolvimento enfrentem desafios complexos e trabalhem em prol de objetivos ambientais internacionais. A parceria inclui 186 países membros, bem como a sociedade civil, Povos Indígenas, mulheres e jovens, com foco na integração e na inclusão.
Nas últimas três décadas, o GEF ofereceu mais de US$ 25 bilhões em financiamento e mobilizou US$ 145 bilhões para projetos prioritários impulsionados por países. A família de fundos inclui o Fundo Fiduciário do GEF, o Fundo Global para a Biodiversidade (GBFF), o Fundo para os Países Menos Desenvolvidos (LDCF), o Fundo Especial para as Mudanças Climáticas (SCCF), o Fundo de Implementação do Protocolo de Nagoya (NPIF) e a Iniciativa de Capacitação para o Fundo Fiduciário de Transparência (CBIT).
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