A Cannabis sativa não é apenas associada ao uso recreativo ou medicinal. A planta também apresenta grande potencial para a indústria, podendo impulsionar o agronegócio e fomentar o empreendedorismo no Brasil. Daniela Bittencourt, pesquisadora da Embrapa e secretária executiva do Comitê Permanente de Assessoramento de Pesquisa em Cannabis, destacou durante o CB Agro — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — que o cânhamo, variedade da planta com baixos níveis de THC, pode ser usado para produzir fibras resistentes, biomateriais, cosméticos e até alimentos.
“O cânhamo tem características importantes tanto para a indústria quanto para o meio ambiente, com capacidade de recuperar solos degradados e capturar carbono. É um recurso que precisa de mais atenção no Brasil”, afirmou.
No entanto, apesar das inúmeras possibilidades, Daniela enfatizou os entraves que dificultam o avanço da utilização da Cannabis industrial no país, especialmente no que diz respeito à regulamentação. Segundo ela, grande parte dos dados técnicos sobre a planta vem de instituições internacionais, o que cria um descompasso com a realidade brasileira.
“Os dados que temos refletem condições de outros países, mas não consideram nosso clima, nosso solo ou as doenças que podem acometer a planta por aqui. Isso prejudica a elaboração de políticas públicas adequadas e limita o desenvolvimento de uma cadeia produtiva sustentável no Brasil”, explicou a especialista. Ela ressaltou que a falta de pesquisas locais é um dos principais obstáculos para a regulamentação do cânhamo.
Além disso, Daniela pontuou que o desenvolvimento de estudos específicos no Brasil seria crucial para embasar regulamentações eficientes e estimular a produção nacional. Ela acredita que a regulamentação poderia abrir portas para novas aplicações industriais e oportunidades econômicas.
“Com pesquisa, podemos responder dúvidas e trazer soluções técnicas que reflitam as necessidades reais do país. É um passo essencial para integrar a Cannabis industrial ao nosso agronegócio e à economia de forma sustentável”, concluiu.
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