Um grafite feito na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em Salvador, viralizou nas redes sociais. Na arte, o papa Francisco aparece sorrindo, em um banquete, ao lado de uma figura que representa do diabo. Embaixo da mesa, baús com diversas moedas de ouro compõe o cenário.
O grafite foi feito pelo artista João Vasconcelos há mais de um mês. Apesar disso, a arte só repercutiu na terça-feira (10), após um professor da instituição fazer uma postagem em uma rede social. A publicação furou a bolha da universidade e causou polêmica.
"Baita desrespeito a um líder religioso, sem nenhuma necessidade e com a falsa argumentação de que se trata de arte. Seria esse o principal problema social que deveria estar retratado na coluna de uma universidade pública?", diz um dos comentários da publicação.
Apesar da polêmica, o grafite segue na Universidade de Comunicação nesta quinta-feira (12). O espaço onde a pintura foi feita fica na entrada do prédio, em uma área conhecida como "varandinha". O local tem outros grafites e é onde os estudantes costumam se reunir nos intervalos das aulas.
Após a repercussão, João Vasconcelos publicou uma nota de esclarecimento nas redes sociais na quarta-feira (11). No texto ele pede desculpas a quem se sentiu ofendido com a imagem. O g1 tenta contato com o artista.
"A pintura em questão não foi criada com intuito de desrespeitar crenças ou promover qualquer tipo de intolerância religiosa. A ideia central era abordar a dualidade humana e o diálogo entre opostos", escreveu.
O g1 também entrou em contato com a Faculdade de Comunicação para entender como funciona a autorização de pinturas no local. A unidade também foi questionada se o grafite será mantido ou não. Não houve retorno até a publicação desta matéria.
A Arquidiocese de Salvador também foi procurada e não se pronunciou até a publicação da matéria.
Leia a nota de João Vasconcelos na íntegra:
"Como artista, meu objetivo sempre foi expressar sentimentos, provocar reflexões e estimular diálogos por meio da minha arte. Recentemente uma obra minha ganhou grande repercussão e gerou uma onda de polêmica e indignação, especialmente no contexto religioso. Quero aproveitar este espaço para esclarecer as minhas intenções e pedir desculpas a todos que se sentiram ofendidos.
A pintura em questão não foi criada com intuito de desrespeitar crenças ou promover qualquer tipo de intolerância religiosa. A ideia central era abordar a dualidade humana e o diálogo entre opostos, algo presente em muitas tradições e reflexões filosóficas. No entanto, reconheço que a forma como isso foi representado pode ter sido interpretada de maneira diversa do que eu esperava.
Lamento profundamente que a obra tenha causado dor ou desconforto. Isso jamais foi minha intenção. Eu respeito profundamente todas as religiões e as pessoas que as seguem. Entendo que certas imagens carregam significados profundos e, por isso, gostaria de me desculpar com todos que se sentiram desrespeitados ou magoados.
Recebi mensagens que me fizeram refletir e aprendi muito com toda essa situação. Quero reafirmar meu compromisso com a arte como um espaço de inclusão, respeito e construção de pontes, e não de divisão ou mágoa.
Por fim, gostaria de pedir que as discussões em torno da obra sejam feitas de forma respeitosa. Assim como a arte pode ser um ponto de partida para debates, ela também é um espaço de aprendizado para o artista. Estou ouvindo e aprendendo com vocês.
Agradeço pela compreensão e espero que possamos seguir em frente, juntos, com mais empatia e diálogo".
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