Preparem seus corações e ajustem suas expectativas, pois vamos adentrar o fascinante cenário da gestão cultural em Juazeiro, comandado pela nossa digníssima prefeita Suzana Ramos. Ou, como a chamam com uma boa dose de ironia, Mamãe dos eventos – para quem ainda tenta encontrar algo positivo – e Madrasta Má – para aqueles que já não se iludem com promessas vazias.
Eleita em 2020 com um plano de governo que mais parecia um catálogo de sonhos culturais, Suzana Ramos conseguiu, em pouco tempo, transformar expectativas em frustrações.
Quando o assunto é cultura, destroçar, esfacelar e dilacerar são os verbos que melhor definem sua gestão. Afinal, por que investir em políticas públicas consistentes se eventos pontuais com fogos e confetes geram fotos tão lindas para as redes sociais?
Logo de início, tivemos a chegada da Lei Aldir Blanc, um alívio emergencial destinado a socorrer artistas durante a pandemia. Mas o que fez nossa querida Mamãe? "Bateu cabeça". Recebeu o processo todo pronto da gestão anterior, com editais organizados e prontos para lançamento, mas conseguiu protagonizar um verdadeiro espetáculo de ineficiência. Enquanto a classe artística esperava apoio, a SECULTE tropeçava em sua própria desorganização.
Depois veio a Lei Paulo Gustavo, que prometia impulsionar o setor audiovisual. Mas, em Juazeiro, a execução foi digna de uma tragicomédia: contratações sem transparência, reclamações em massa dos artistas e decisões tão mal conduzidas que levantaram suspeitas de privilégios aos famosos “amigos da rainha”. Tudo isso acompanhado de um roteiro confuso que ninguém conseguiu entender – nem mesmo os envolvidos.
E quando pensamos que a história não poderia piorar, veio o ápice: a Lei Aldir Blanc 2. Juazeiro recebeu mais de R$ 1,6 milhão para fomentar a produção cultural, mas, surpreendentemente, a prefeita desviou mais de R$ 1,2 milhão para... o Carnaval 2024. Sim, caros leitores, parece que confetes e trios elétricos são a nova essência da cultura. E, para completar, assinaturas de uma reunião de segurança pública foram inseridas no sistema como se fossem da escuta obrigatória com os artistas. Isso não é criatividade administrativa, é outro nome.
A SECULTE, por sua vez, parece um laboratório de experimentos malsucedidos. A equipe escolhida a dedo – ou no escuro – coleciona erros que viraram rotina: do Festival Edésio Santos da Canção aos concursos de carnaval, tudo é marcado por desorganização, atrasos nos pagamentos de cachês e um zum-zum-zum constante nas redes sociais e na imprensa. Os artistas locais, tão importantes para o fomento cultural, têm seus pagamentos frequentemente atrasados por 60 dias ou mais, enquanto as denúncias fervilham.
E o Fundo Municipal de Cultura? Esse continua como uma promessa esquecida, apesar das lutas incansáveis do Conselho Municipal de Cultura. Enquanto isso, cerca de 70% dos 12 milhões do orçamento cultural são gastos em estruturas de eventos (palco, som, luz), enquanto a política de incentivo à produção artística segue engavetada. Porque, claro, é mais fácil promover festas do que gerenciar cultura com seriedade.
Já o Plano Municipal de Cultura, após doze anos de construção conjunta entre artistas, conselho de cultura e SECULTE, foi enviado à Câmara de Vereadores e aprovado, com a total descaracterização do que foi trabalhado coletivamente.
Foi um verdadeiro festival de copia e cola da internet, só mais um ato de incompetência e irresponsabilidade para com os fazedores da cultura e seu órgão representativo.
Por falar em abandono, o patrimônio cultural de Juazeiro parece ser o último item da lista de prioridades da gestão. Durante quatro anos, o Conselho Municipal de Cultura – CMC, clamou pela criação de um núcleo de patrimônio na estrutura da prefeitura. Nem mesmo a intervenção do Ministério Público da Bahia foi capaz de mover a administração, deixando as demandas graves e urgentes sem resposta. Além disso, parte da estrutura da Casa dos Artífices foi ao chão, a fachada do prédio da Sociedade 28 de setembro mostra sinais de possível desabamento, que poderá ser uma tragédia, mesmo com a interferência do Ministério Público da Bahia, nada foi feito.
E assim, amigos leitores, encerramos este triste capítulo da história cultural de Juazeiro. A gestão Suzana Ramos, com seu rastro de promessas quebradas e políticas mal executadas, será lembrada como um período de retrocesso para a cultura local. Seguimos testemunhando o rastro de destruição cultural que esta gestão deixa como legado. Suzana Ramos, com sua impressionante habilidade de transformar sonhos em pesadelos, merece aplausos. Não por competência, mas por sua capacidade. É difícil redefinir o conceito de má gestão.
Jucinei Martins
Ex-Presidente do Conselho Municipal de Cultura (CMC), Conselheiro do Conselho Estadual de Cultura (CEC), representando o Território Sertão do São Francisco
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